Tite não fechou o grupo. Está aberto ao novo. Essa é a melhor notícia da penúltima convocação da Seleção antes de 7 de novembro, data do anúncio dos 26 escolhidos para a quinta tentativa do Brasil de conquistar o hexa depois das sucessivas eliminações contra europeus em 2006 (França), 2010 (Holanda), 2014 (Alemanha) e 2018 (Bélgica). Chamo a atenção para três decisões acertadas do técnico: a inclusão do centroavante Pedro, a criatividade para driblar a escassez de laterais direitos e o agradável, mas preocupante trabalho de renovação — um dos trunfos da atual campeã França, em 2018.
Começo cravando: Pedro irá à Copa. O argumento é simples. Em terra de pontas, quem é centroavante raiz vira rei. As nossas divisões de base estão viciadas na formação em série de jogadores para atuar pelos lados do campo, quase rente à linha lateral. Basta observar a última janela de transferências. Comprados por Manchester United, Barcelona e Benfica, respectivamente, Antony, Raphinha e David Neres movimentaram R$ 870,1 milhões. Sozinho, Antony custou R$ 491,1 milhões aos Diabos Vermelhos.
Artilheiro isolado da Libertadores com 12 gols e autor de 24 na temporada pelo Flamengo, Pedro se diferencia da legião de pontas por ser um centroavante raro nos tempos pós-modernos do futebol. Perguntei ao Tite na entrevista coletiva de ontem se Pedro lembra o Evair, com quem o técnico da Seleção atuou nos tempos de meia naquele Guarani vice-campeão brasileiro de 1986. A resposta cravou Pedro na Copa:
"Pedro é um 9 terminal. Ele é o jogador da última bola, da conclusão, ele é o Fred (ex-Fluminense) atual. Vamos colocar dessa forma: o Matheus Cunha ou o Firmino, estão mais para Evair, um 10 que jogava de 9 também", respondeu didaticamente.
Logo, Tite dificilmente abrirá mão de um recurso escasso como Pedro na Seleção para situações emergenciais. O golaço de cabeça do centroavante contra o Vélez, na última quarta-feira, tirou o Flamengo do sufoco em um primeiro tempo terrível.
Tite tem um plano para as desventuras em série de Daniel Alves e a carência de laterais direitos fora de série para a reserva do titular Danilo: adequar um zagueiro no setor. Éder Militão (Real Madrid) e Roger Ibañez (Roma) são as opções para os amistosos contra Gana e Tunísia. Há quem torça o nariz, mas as últimas duas seleções campeãs da Copa fizeram isso. A Alemanha ganhou a Copa de 2014 com o zagueiro Höwedes no papel de lateral-esquerdo. A França usou Lucas Hernández na mesma função em 2018, na Rússia. Tite quer soltar os pontas e ter laterais construtores seguros na marcação.
Se a lista divulgada ontem fosse a da Copa, o Brasil levaria ao Catar 16 jogadores que jamais disputaram o Mundial. Considero muito, mas um argumento fortalece o trabalho de renovação do Tite. A França levou exatamente 16 calouros à Rússia em 2018 e foi campeã. Perguntei ao técnico se a comissão técnica contará com suporte psicológico para zelar pelos marinheiros de primeira viagem. "É uma exposição muito forte", admitiu. "Esse aspecto mental a gente vai estar considerando, a maturidade. Mentalidade forte é fundamental e será levada em conta na lista final". Que assim seja, Adenor!
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