O Brasil celebra amanhã 200 anos de sua independência de Portugal, fato que, infelizmente, metade da população desconhece, como mostra pesquisa realizada pelo Ipespe com brasileiros e portugueses. As celebrações deste Sete de Setembro tão especial deveriam tomar as ruas, mas o que se vê é a apropriação da data para uso político. Quase nada da propaganda oficial remete ao bicentenário da libertação do país por Dom Pedro I. O que prevalece é o desejo de um grupo de demonstrar força às vésperas das eleições, inclusive com a possibilidade de afronta à democracia.
É imperativo ressaltar que o Sete de Setembro é uma data para ser comemorada por todos os brasileiros, independentemente de sua coloração política. É um momento de união, sobretudo quando o país enfrenta problemas tão graves como a inflação e o aumento da miséria. Não se pode esquecer que o Brasil voltou ao mapa da fome, depois de se libertar dessa tragédia há mais de uma década por meio de uma política social inclusiva e de crescimento econômico com custo de vida sob controle. Dividir o Brasil neste momento é abrir espaço para mais retrocessos, inclusive o da violência contra os que pensam diferente.
Ao longo da história, as cores verde e amarela, da bandeira brasileira, sempre foram sinônimos de autoestima e de orgulho do Brasil. Infelizmente, na atual conjuntura, tenta-se disseminar a visão de que somente uma parcela da população que comunga das mesmas ideias tem o direito a usá-las, assim como o de cantar o hino nacional. Patriotismo não combina com exclusão. Os brasileiros são, no geral, orgulhosos da pátria em que vivem, com a origem que carregam e com as opções que fazem. Tudo sancionado por um regime democrático construído a duras penas. Não há como se pensar em recaídas autoritárias.
Todos os que quiserem — e devem — comemorar o Sete de Setembro devem sair de casa com a certeza de que o dia será de paz, de confraternização, de troca de gentilezas. Esse é o espírito que deve marcar os 200 anos da independência. Os mais jovens, que terão a responsabilidade de comandar o Brasil nas próximas décadas, necessitam se inteirar do quanto a liberdade de escolha e de opinião é importante para uma nação mais justa e promissora. O país, ao longo de décadas, sempre foi apontado como sinônimo do futuro, que, infelizmente, ainda não chegou. E não chegará sem que a democracia seja reforçada.
Os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil. O Sete de Setembro nunca ocupou um espaço tão grande na mídia internacional e nas discussões entre líderes mundiais. Teme-se que, com a apropriação da data por um grupo político, o que era para ser uma festa se transforme em uma armadilha para o atraso. Não pode, no entender desses líderes, a maior democracia da América Latina flertar com regimes de exclusão. A hora é de o Brasil dar exemplos no sentido da paz, da tolerância, da empatia.
O alegre povo brasileiro deve insistir para que a festa seja ampla e irrestrita. Essa é a mensagem que o planeta deseja ver e ouvir. Resta às autoridades cumprirem à risca o que diz a Constituição brasileira. Agressões às instituições democráticas não podem ser toleradas. Respeito é bom e deve sempre prevalecer. O Sete de Setembro é de todos.
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