Com dois impeachments em um intervalo de 24 anos — o de Fernando Collor, em 1992, e o de Dilma Rousseff, em 2016 —, a discussão sobre quem é o vice na chapa presidencial sempre mobiliza os partidos políticos. E as avaliações em relação ao papel em um eventual governo eleito começam a tomar corpo. É o caso do número dois do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador Geraldo Alckmin.
O ex-tucano agora filiado ao PSB tem tido protagonismo na campanha petista. Participa de conversas com empresários e se posiociona publicamente sobre temas importantes. A ideia de Alckmin de recriar o Ministério da Segurança Pública foi muito bem recebida pelo entorno de Lula e recebeu o aval do eleitorado em pesquisas qualitativas internas do partido. Tanto que há uma avaliação no mercado financeiro de que o ex-governador terá um papel muito além de vice-presidente em caso de vitória do PT — é cogitado, por exemplo, para assumir o Ministério da Fazenda/Economia.
O destaque de Alckmin na campanha petista levou a uma mudança de estratégia por parte do general Walter Braga Neto, o vice na chapa de Jair Bolsonaro pela reeleição. Nesta semana, o militar da reserva começou a cumprir agenda fora de Brasília para se apresentar ao eleitorado. Esteve em Mato Grosso, onde se aproximou do eleitorado feminino e fez acenos ao agronegócio. O périplo pelo país vai se intensificar nas próximas semanas.
Afinal, estamos a exatos 30 dias do primeiro turno e se aproxima o momento em que ocorre a definição do voto. Apesar de o eleitorado de Lula e Bolsonaro aparecerem como os mais convictos na escolha, conforme mostram as pesquisas de opinião recentemente divulgadas, há sempre espaço para a troca de candidato. O motivo é que, tradicionalmente, a eleição esquenta para valer nos 15 dias que antecedem a votação. É quando o assunto passa a ser discutido nos pontos de encontro da sociedade civil e as ondas eleitorais começam a ser formadas.
Desde a Proclamação da República, os vices têm participação intensa na política brasileira — salvo uma ou outra exceção mais decorativa. O cargo só deixou de existir entre 1934 e 1946, durante o primeiro mandato de Getúlio Vargas. Em oito oportunidades, o número dois do país assumiu a Presidência da República em razão do afastamento do titular por razões de doença, impedimento ou morte: Floriano Peixoto, em 1891; Nilo Peçanha, em 1909; Delfim Moreira, em 1918; Café Filho, em 1954; João Goulart, em 1961; José Sarney, em 1985; Itamar Franco, em 1992; e Michel Temer, em 2016. Normalmente, não se restringem a apenas ocupar o Palácio do Jaburu.
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