Há anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) não ocupa espaço no noticiário nacional. Cessaram as ocupações de fazendas improdutivas, na luta pela reforma agrária, com violentos embates e intervenções policiais. Hoje, o MST é outro, garantiu o candidato petista ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. Ele afirmou que os sem-terra estão entre os maiores produtores de arroz orgânico da América Latina. A produção dos assentados no Rio Grande do Sul — em torno de 15 mil toneladas — chega à mesa de famílias dos Estados Unidos, da Alemanha, da Espanha, da Nova Zelândia, da Noruega, do Chile e do México, segundo o informativo do movimento nas redes sociais.
O Rio Grande do Sul foi um dos berços do MST, criado em 1984. No ano seguinte, o presidente José Sarney criou o Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário. Na ocasião, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi responsável pela elaboração do Primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA).
Apesar de a reforma agrária não ter sido concretizada como desejada pelos trabalhadores rurais, as lutas sangrentas arrefeceram no início do século 21. Os agricultores familiares assentados, associados à Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Contag) e os ligados ao MST, vêm migrando para o modelo agroecológico de produção, com o objetivo de produzir "comida de verdade", ou seja, sem o uso de agrotóxicos, numa relação harmoniosa com os ecossistemas. Os transgênicos também perderam espaço. Além de alimentos, há produção de sementes crioulas, que são adquiridas pelos assentamentos espalhados no país — um contraponto aos cultivos das grandes propriedades do agronegócio.
Hoje, o MST tem 34 pontos de comercialização em 13 unidades da Federação, inclusive no Distrito Federal, na Feira da Ponte Norte (CLN 216) de alimentos orgânicos. No Vale do Apodi, no Rio Grande do Norte, os assentados seguem modelo semelhante ao adotado pelos gaúchos. Para este ano, a previsão é colher 25 toneladas de arroz orgânico, além de diversas frutas, mandioca, batata-doce e feijão verde, em 12 assentamentos.
No restante do país, grande parte dos agricultores tem migrado para a agroecologia. Trata-se de passo importante rumo à economia verde no campo, que se opõe ao desmatamento desenfreado e distancia o Brasil das metas mundiais de redução da emissão de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global e colocam em risco a vida da Mãe Terra.
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