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Artigo — Aprendizagem móvel no Brasil: ligando pontos e indo adiante

GUILHERME CAMARGO - CEO e fundador da Sejunta

Uma das discussões relevantes no âmbito educacional refere-se à aprendizagem móvel e seu universo de possibilidades. A pandemia jogou luz sobre a questão dos espaços de aprendizagem, fazendo com que educadores e educandos vivessem, na prática, múltiplos espaços do "saber", numa integração entre ambientes físico e virtual. A máxima "Todos os espaços são espaços para aprender'' foi incorporada, de modo definitivo, à educação brasileira. Mais do que isso, esse pensamento foi materializado em forma de aceleração digital e multiplicação de plataformas.

Considerando esse contexto, é necessário aprofundar o conceito de aprendizagem móvel. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as tecnologias móveis — associadas ou não às TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) — são meios para possibilitar a aprendizagem a qualquer hora em praticamente todo lugar, algo que corrobora para facilitar o acesso a materiais de conhecimento e informações com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos.

As tecnologias móveis são fomentadoras de um novo processo de aprendizagem e não devem ser consideradas como um mero suporte a padrões pré-existentes de educação, mas devem ser compreendidas como vetores de mudanças, podendo (ou devendo, até mais apropriado) ser apropriadas pelo sujeito da ação (estudante). Portanto, compõem as tendências na educação, focando nas práticas pedagógicas e no currículo.

De modo geral, quando o assunto é investimento em TIC, gestores mostram-se abertos às tecnologias pelo fato de entenderem que elas podem melhorar a qualidade da educação, incluindo a curadoria de conteúdo, as referências, entre outros aspectos.

É fato que a transformação tecnológica, por meio de dispositivos móveis, tem personalizado a educação. A App Store, lançada em 2008, acabou se colocando como lugar confiável para usuários de todas as idades obterem aplicativos variados, incluindo aplicativos de aprendizagem.

Seria ingenuidade atribuir somente à acelerada digital, forçada pela pandemia, um aumento de uso dessas facilidades. Vem de muito antes o acesso a apps que favorecessem o saber, seja para praticar outros idiomas, aperfeiçoar o português, fazer simulados para concursos públicos ou até mesmo desfazer alguns nós em disciplinas mais temidas, como física e matemática. Há muitos aplicativos que usam e abusam de recursos, como jogos e vídeos, para tornar essa prática mais compatível com as mais variadas realidades do indivíduo brasileiro.

Os benefícios da gamificação na educação já são reconhecidos pelos educadores, já que os jogos agregam prazer na aprendizagem, trabalham a autonomia nos estudantes, a memória e ajudam também no desenvolvimento das habilidades socioemocionais. E não faltam opções de games para serem utilizados.

Outra experiência bastante compartilhada pelos gestores escolares refere-se à utilização dos dispositivos móveis, como tablets e smartphones, como ferramentas digitais, capazes de oferecer recursos multimídia que enriquecem o aprendizado, inclusive facilitando o acesso para projetos pedagógicos avançados. Programas completos de estudo, aplicativos e materiais disponibilizados com gratuidade na nuvem são algumas das possibilidades.

Ainda que essa migração para o on-line fosse notável antes mesmo da pandemia, é inegável que passamos mais tempo no mundo virtual, por conta dos cuidados relacionados à pandemia. De acordo com o relatório State of Mobile 2022, foram gastos 3,8 trilhões de horas em dispositivos móveis em 2021. O aumento foi de 19% em relação a 2019. Brasileiros passam em média 5 horas na frente de uma tela.

Se estiver atento e olhando para o futuro, o setor de educação do país pode enxergar aqui um meio de engajar mais seus educandos, seja por meio de games, vídeos, gadgets, dispositivos móveis, atividades mais dinâmicas ou para uma "simples" priorização desses canais, sabendo que o mundo virou uma chave e dificilmente voltaremos ao que foi praticado há três anos. Quando integradas às práticas pedagógicas e adotadas com contexto e significado, as tecnologias móveis estimulam os estudantes a assumir um protagonismo no processo de aprendizagem jamais visto antes.

E por mais paradoxal que possa soar, só podemos avançar se entendermos o que passou. Só tendo a máxima compreensão do que ocorreu é que vamos ter êxito no futuro, especialmente em termos educacionais. Já diria sabiamente Steve Jobs: "Você não consegue ligar os pontos olhando para a frente; você só consegue ligá-los olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro".

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