Verás que o filho teu não foge a luta

Definitivamente, o Brasil não é para iniciantes e amadores. Como bem alertou em cartaz um jornalista americano, durante os Jogos Olímpicos de 2016, realizados no Brasil: "Bem-vindos à selva". Trata-se de um país em que a realidade fantástica está sempre à espreita, fornecendo, continuamente, material vasto para os mais inventivos ficcionistas. Até mesmo a realidade cruenta que se assiste nas ruas deste país, com a mendicância e a violência sempre em alta, é capaz de ofertar aos pescadores de almas e de homens vasto material literário ao estilo das distopias modernas, indo mais além até do que a Comédia Humana.

Em que outro país, um procurador de Justiça, que se destacou por seu empenho e disciplina no combate ao crime organizado, acabaria sendo condenado a ressarcir ao erário de R$ 2,8 milhões, pelos gastos dispendidos com uma força-tarefa, que conseguiu repatriar R$ 15 bilhões, roubados dos cofres públicos? Em que outro país, a nação, menos ousada e corajosa do que os criminosos, ficaria em silêncio diante da perseguição escancarada aos verdadeiros operadores da Justiça? Ou fazendo cara de paisagem quando homens de bem estão sendo fustigados sob o aplauso de parte da população conivente?

Em que outro ponto do mundo civilizado, veríamos os advogados de defesa indo e vindo das penitenciárias trazendo e levando recados dos chefões do crime para seus cúmplices do lado de fora? Em que outra banda da Terra, assistiríamos inertes à corrupção sistêmica e avassaladora corroer as bases de todo o Estado, levando o descrédito ao homem comum e incentivando os mais jovens ao cometimento de crimes, diante da imensa impunidade que reina entre nós? Num cenário tão inóspito, os mais espertos perceberam que a melhor estratégia para sobreviver nesse campo de batalha é fingir-se de morto. O problema é que essa estratégia não vale para aqueles que têm como função relatar os acontecimentos diários dessa guerra, contando e refazendo o número de mortos.

Diante de situações tão brutais como a que agora assistimos, com juízes e procuradores que atuaram no combate a maior operação policial do planeta, deflagrada contra poderosos criminosos do colarinho-branco, e que, por um curto período de tempo, nos trouxe a sensação de que estávamos finalmente ingressando no Primeiro Mundo, talvez teria sido melhor para esses profissionais, fingirem-se também de mortos.

O renascimento da nossa Hidra de Lerna, com suas múltiplas cabeças, todas elas prontas para atacar e dizimar os recursos da nação, tem deixado muito claro, não apenas para esses profissionais, mas todos os demais, que eles estão sozinhos, deixados nus na arena dos tigres. A população, que poderia nesse e em outros casos históricos, fazer toda a diferença, permanece na plateia, torcendo ora pelo tigre, ora pelo infeliz barnabé, indiferente ao seu destino. O polegar da mão direita desses perversos foi pendido para baixo, indicando que o show macabro deve começar. O verdadeiro filho teu, que não foge à luta, ficou agora, cara a cara com a fera faminta, sozinho e abandonado nesta grande arena Brasil.

» A frase que foi pronunciada

"Adie por um dia, e dez
dias passarão."

Provérbio coreano

Partindo para a ação

Estudantes do Sacré Coeur de Connecticut, Estados Unidos, chegaram a Brasília e foram direto ajudar na cozinha da Casa da Sopa, no Cruzeiro. Carolina e Olivia Figueiredo cortaram os legumes e participaram da distribuição.

Solidariedade

Além do Cruzeiro, a Casa da Sopa também está instalada no Itapuã e Taguatinga. Apesar do nome, há distribuição também de almoço, nas quartas-feiras. A sopa é entregue em vários pontos da cidade. Às vezes, até em pronto-socorro, onde acompanhantes esperam por muitas horas sem se alimentar.

Voluntariado

A Casa da Sopa foi fundada no início dos anos 1960, por Dom Ávila. Hoje, é parte da Pastoral Social da Catedral Militar Rainha da Paz no Eixo Monumental. O mote é: "Enquanto há comida, há distribuição". Doação de legumes, verdura, carne, caixas vazias de leite e principalmente voluntários. Veja as fotos e mais informações no Blog do Ari Cunha.

Imagens

Susto com a ventania no Balneário do Camboriú, em Santa Catarina. As imagens nos foram enviadas pela leitora assídua Terezinha Bleyer. Veja no Blog do Ari Cunha.

» História de Brasília

A briga do Palace Hotel com Sbacem resultou nisto: o hotel está completamente sem música. Não pode tocar nem eletrola. Por sinal, a Sbacem está exagerando, e a diretoria do hotel negou-se a pagar 30 mil cruzeiros por mês, no que fez muito bem. É dinheiro que não chegaria às mãos dos compositores, porque se desintegraria antes, na partilha entre diversos interessados.

(Publicada em 8/3/1962)