EDITORIAL

Visão do Correio — Leite materno: padrão ouro de qualidade

Agosto ganhou a cor dourada para representar a importância do aleitamento materno. Nada mais adequado. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 6 milhões de bebês são salvos todos os anos devido à amamentação exclusiva até o sexto mês de vida e não exclusiva até os dois anos.

No Brasil, embora a quantidade de bancos de leite humano (cerca de 220 unidades) não seja tão expressiva — se levarmos em conta uma população de 212 milhões de habitantes (IBGE/2020) —, o país é referência internacional no assunto. Cada uma das unidades da Rede de Bancos de Leite Humano é responsável por coletar, processar e distribuir o leite para alimentar bebês prematuros e de baixo peso. Além disso, os bancos também oferecem orientação, promoção e apoio à amamentação, alguns deles com atendimento domiciliar.

Alimento completo, o leite materno, oferecido a cada duas horas nos primeiros meses de vida, reduz em até 13% a mortalidade de crianças menores de cinco anos por doenças comuns na infância, como diarreia e pneumonia, e ajuda na recuperação de patologias, como verminose, doenças respiratórias, doenças de pele, inflamação de ouvido etc.

Entre altos e baixos, a boa notícia é que a cada ano tem crescido o número de bebês com amamentação exclusiva até os seis primeiros meses. Atualmente, esse índice é de 45,8% no país, embora a meta estipulada pela OMS ainda esteja longe de ser atingida — 70%.

E como as fake news estão em alta, os especialistas são veementes em afirmar que é mito a ideia de que exista leite materno fraco ou forte, textura ou cor mais adequada para esta ou aquela faixa etária da criança. Independentemente da aparência, o leite materno contém a quantidade ideal de nutrientes para cada fase do bebê, salvo em casos severos de desnutrição da mãe, que pode apresentar quantidades menores de gordura.

Outro mito é atestar que o leite doado não serve para alimentar ou pode transmitir alguma doença para outro bebê que não o filho da doadora. É importante reforçar que o leite doado aos bancos de leite humano — diferentemente de uma mulher que amamenta um outro bebê (aleitamento cruzado) — passa por um rigoroso processo de pasteurização, sendo primeiramente aquecido a temperaturas acima de 60 graus centígrados e, posteriormente, resfriado a mais ou menos 4graus centígrados. Assim, ele mantém as propriedades imunológicas que protegem o bebê de vírus e bactérias. Estudos mais recentes mostram, inclusive, que amamentar melhora a cognição, ou seja, bebês que mamam no peito tendem a ter um quociente de inteligência (QI) mais elevado.

Para as mães que amamentam, há vantagens também. O leite materno ajuda na perda de peso, reduz o risco de depressão pós-parto, auxiliando a mulher a se recuperar mais rapidamente (com a liberação de ocitocina e contração do útero), além da diminuição do risco de câncer de mama. Aleitamento é vida: ganham as mães e os bebês.

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