Hoje é o Dia Nacional da Saúde, data escolhida para homenagear o médico e sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz, que nasceu em 5 de agosto de 1872, há exatos 150 anos. Não é novidade que a saúde do brasileiro já não anda bem há um bom tempo, impactada pelos dois anos e meio de pandemia da covid-19, que aprofundaram questões como o isolamento social, e, consequentemente, contribuíram para uma diversidade de doenças mentais, a exemplo da depressão, ansiedade e insônia; e físicas, como obesidade e fadiga, e até mesmo casos mais graves, como suicídios.
Dados da pesquisa do Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil (Vigisan), divulgados em junho deste ano, mostraram que mais da metade da população brasileira se encontra em situação de insegurança alimentar, ou seja, não possui acesso físico, econômico e social a alimentos de qualidade para todas as refeições.
Atualmente, mais de 33 milhões de pessoas estão passando fome no Brasil e, mesmo que o desemprego tenha retraído, o salário médio dos trabalhadores contratados em abril deste ano é 9,34% inferior ao registrado em janeiro de 2020 — considerando a inflação.
E a carne, o feijão, as verduras e os legumes, alimentos imprescindíveis em qualquer cardápio prescrito por especialistas? E a cesta básica que ultrapassou o salário mínimo em São Paulo, sendo considerada a mais cara do país, R$ 1.226 em maio?
Se a saúde física não vai bem, o que dirá a mental. Um estudo com 1.001 brasileiros entre 16 e 74 anos — Global Learner Survey 2022 (Pesquisa Global do Aprendiz: Bem-estar) —, realizado pela empresa Pearson, mostra que 71% dos entrevistados no Brasil acreditam que as organizações deveriam oferecer serviços gratuitos de saúde mental a seus colaboradores.
Embora 92% dos entrevistados dizem priorizar, na hora de procurar um novo emprego, as empresas que oferecem algum tipo de serviço ou programa voltado às questões de saúde mental e bem-estar, por outro lado, a realidade enfrentada pelos profissionais é bem diferente da ideal. A maioria (82%) disse que as empresas em que trabalham não aplicam quaisquer programas ou assistência nas áreas de saúde mental e bem-estar.
Quanto aos planos de saúde — que recentemente sofreram um reajuste de 15,5% nas carteiras individuais —, para 65% dos brasileiros entrevistados, as empresas deveriam ampliar a cobertura na prestação de serviços e atendimentos psicológicos e, para 59% dos colaboradores brasileiros, discussões internas sobre os cuidados da saúde mental e bem-estar seriam muito bem-vindos.
Os índices de vacinação estão despencando — e não somente para o combate à covid-19. É verdade que o Programa Nacional de Imunização (PNI) é referência mundial e que o Brasil foi pioneiro no que se refere à incorporação de grande parte das vacinas no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, as baixas taxas de imunização, apesar das campanhas, estão fazendo ressurgir doenças até então erradicadas, como sarampo e poliomielite. É… hoje é o Dia Nacional da Saúde, mas sem comemorações.