MAURO MACHADO - Diretor da Unidade de Negócios de Health & Nutrition da SGS Brasil
Principal sistema da União Europeia sobre segurança alimentar e responsável por alertar todos os países do bloco econômico a respeito dos produtos que adentram a região, o Rasff (Rapid Alert System for Food and Feed) divulgou que o Brasil está entre os países que mais receberam notificações de produtos rejeitados por contaminação ou presença de resíduos em frutas e vegetais. Só no primeiro semestre de 2022, nosso país já tinha 62 notificações, sendo que 58 delas eram de rejeição. O dado chama a atenção porque o agronegócio brasileiro, setor que está em franca expansão, gera exportações da ordem de US$ 45,2 bilhões e possui faturamento equivalente a 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A segurança alimentar ocupa, portanto, espaço cada vez mais relevante no cenário global. O tema é, inclusive, parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). O mesmo ocorre também no cenário doméstico e na segurança dos alimentos, com o governo federal estabelecendo rígidos padrões regulatórios, que demandam um alto nível de serviços de testes analíticos nos produtos destinados ao consumo, além da forte fiscalização por meio dos ministérios da Agricultura e da Saúde, a partir da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e dos consumidores — que são cada vez mais exigentes na busca por alimentos saudáveis, com clareza e transparência nas informações de rótulo.
Atender de forma eficaz esse grande grupo de atores nos cenários nacional e internacional é um desafio cada vez mais presente para um setor que cobre todo o ciclo de vida de diversos alimentos — do campo à mesa — e é responsável por processar 58% de tudo o que é produzido nas fazendas e chega aos brasileiros e a consumidores de todo o mundo. Tal grau de exigência demanda um cuidado redobrado na busca por soluções completas em testes, inspeção, certificação e auditoria para produtos da agroindústria, com prazos rápidos para a tomada de decisões.
O primeiro e mais importante foco desses testes previne a ingestão de substâncias potencialmente perigosas para a saúde, identificando eventuais resíduos de drogas veterinárias em proteína animal, o que pode causar resistência bacteriana. Já a análise de resíduos de pesticidas em frutas, legumes e verduras previne a ingestão de substâncias que oferecem risco de desenvolvimento de câncer e redução de fertilidade. A análise de metais pesados e minerais, por sua vez, previne o acúmulo desse material dentro das células do corpo, o que provoca problemas como alterações renais, lesões cerebrais e suspeita de que também possam aumentar o risco de câncer.
Em outro viés, cabe à agroindústria estar atenta ainda aos testes regulatórios, previstos nas normas nacionais, que incluem os de componentes alergênicos, o de detecção de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) em grãos e cereais e os de análises nutricionais para a rotulagem de alimentos, que vem passando por mudanças estruturais significativas, incluindo novos testes a serem realizados para determinação de açúcares totais e adicionados, e entrará em vigor em 9 de outubro de 2022 com a RDC 259.
Para o agro, passou a ser requisito básico de eficiência e compromisso com o bem-estar da sociedade e das futuras gerações estar atento às regulamentações, às exigências de consumidores, cada vez mais conscientes e trabalhar junto a laboratórios certificados, capazes de entregar um escopo integrado de soluções em testes, inspeção, certificação e auditoria. Nesse cenário, é preciso que os espaços destinados aos testes estejam preparados para realizar análises de resíduos de drogas veterinárias em proteína animal, componentes alergênicos, metais pesados e minerais, presença de patógenos em alimentos e rações, detecção de organismos geneticamente modificados, além de análises microbiológicas em alimentos e nutricionais para rotulagem, prevenindo que produtos contaminados cheguem à população.
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