LGBTQIA

Artigo: Amor é amor, e isso basta

Rodrigo Craveiro
postado em 17/08/2022 06:00
 (crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Aconteceu em um colégio municipal de Posse, no extremo nordeste do estado de Goiás. "Qual é o problema de um homem ficar com um homem e uma mulher ficar com uma mulher? Todos os problemas. Porque, se você é homem, foi feito para a mulher. E a mulher para o homem. O que foge disso é impuro", afirmou (pasmem) uma professora, durante a aula. E completou: "Se quiser me chamar de homofóbica, pode chamar". Cara professora, eu não sei o motivo pelo qual o amor tanto lhe incomoda. Quem decretou que dois homens ou duas mulheres não podem se amar? A religião? Pensamentos iguais ao seu são tão antiquados e absurdos que extrapolam os limites do conservadorismo. A senhora se acha no direito de determinar quem deve amar quem? Se o seu filho ou filha um dia assumisse ser gay, o que a senhora faria? Não se furtaria em abandoná-lo, em impor a ele uma vida de rejeição e de sofrimento? Apenas por ele ser quem ele é?

Como pode um sentimento tão puro e lindo causar ódio e preconceito? Por que alguns se ofendem tanto com a felicidade alheia? Por que se incomodam com o que há de mais íntimo na vida de terceiros? Muitos "conservadores" tratam as pessoas LGBTQIA como párias ou exemplos de bizarrices. Enquanto isso, praticam adultério e desprezam o que há de mais sagrado, a família. Sim, casais de mesmo sexo podem, e devem, constituir família. Podem e devem ter filhos. Podem e devem envelhecer ao lado de quem os ama. Quem lhes dirá que eles não têm esse direito?

Em uma rede social, dia desses, me deparei com internautas questionando o modelo de família baseado na união de homossexuais. Vomitavam ofensas e diziam que "isso não é família". Citavam Deus e a Bíblia. Pergunto: então, que Deus é esse?

Nos últimos dias, Jair Bolsonaro participou de podcasts e destilou homofobia, com piadas sórdidas e indignas de um chefe de Estado. Reações desse tipo, infelizmente, parecem empoderar o preconceito e a discriminação. Principalmente entre aqueles brasileiros que ainda se simpatizam com o presidente. A última pesquisa da Datafolha aponta que 80% dos homossexuais e bissexuais rejeitam Bolsonaro. Lei de Newton, vocês se lembram? "A toda ação sempre existe uma reação de mesma intensidade e direção."

O Brasil é o país com o maior número de pessoas LGBTQIA assassinadas. Foram 276 homicídios em 2021, segundo um relatório elaborado pelo Grupo Gay da Bahia. São pais, filhos, irmãos, brasileiros que apenas queriam — e mereciam — amar e tiveram a vida interrompida por covardes. Comportamentos como os da professora citada no início deste texto e do presidente da República, que deveria pautar-se pelo respeito a todos os brasileiros, só legitimam e corroboram a violência contra quem apenas deseja amar. Amor é amor, isso basta.

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