CARMO SPIES - Presidente da Sicredi Planalto Central
O papel estratégico das cooperativas tem sido reconhecido pelo próprio Banco Central, que estabeleceu, por meio do programa Desafios 2022, uma série de metas ousadas para o segmento: como, por exemplo, elevar de 8% para 20% a participação das cooperativas no crédito concedido no Sistema Financeiro Nacional (SFN); elevar de 24% para 40% o crédito tomado pelos cooperados no âmbito próprio do Sistema Nacional de Cooperativismo de Crédito (SNCC); e aumentar a presença de cooperados entre os segmentos de baixa renda e a sua cobertura nas regiões Norte e Nordeste.
Hoje, o cooperativismo de crédito está presente em mais de 118 países e tem mais de 375 milhões de associados. No Brasil, mais de 50% dos municípios já contam com esse tipo de sistema. A região Sul está no topo do ranking, com índice de presença de 94%. Depois dela, destaque para as regiões Centro Oeste (63,8%), Sudeste (61,9%), Nordeste (11,5%) e Norte (2,6%). Somos mais de 847 cooperativas, distribuídas em 7,3 mil unidades e somamos mais de 11,9 milhões de associados.
O chamamento do Banco Central não ocorre por acaso. Uma série de estudos intitulada Benefícios Econômicos do Cooperativismo de Crédito está sendo conduzida desde 2020. A primeira pesquisa, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), concluiu que o cooperativismo de crédito incrementa o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%, estimulando, portanto, o empreendedorismo local.
Outro estudo, conduzido pelo especialista em microeconomia aplicada e desenvolvimento econômico Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da PUC-Rio, mostrou que uma cooperativa de crédito tem capacidade de abertura de agência em municípios a partir de 2,3 mil habitantes. Além disso, as cooperativas conseguem operar em cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões, enquanto para os bancos públicos é necessário um PIB mínimo de R$ 146 milhões e, para um banco privado, R$ 220 milhões.
Um terceiro estudo corrobora com a visão de que o cooperativismo de crédito vem desenvolvendo papel relevante para proporcionar acesso a serviços financeiros completos à população de municípios considerados menos atrativos para manutenção de agências para bancos atuarem. A pesquisa avaliou a atuação dos bancos privados, públicos federais e regionais, e instituições financeiras cooperativas entre 2010 e 2018, gerando índices que mostram o nível de dificuldade para a atuação física das instituições em cada município e como elas se comportam nesse cenário. Os resultados trouxeram evidências de que, comparada às demais, a rede de atendimento cooperativo está em locais de mais difícil bancarização, ou seja, em regiões que são mais complexas para a rede bancária conseguir operar.
A consolidação dessa trajetória de crescimento, aliada à solidez e à saúde dos indicadores das instituições cooperativas, ressalta esse modelo como uma alternativa sustentável e bem-sucedida para ampliar o acesso da população e empreendedores a produtos e serviços bancários e, sobretudo, ao crédito — condição historicamente identificada como requisito para o desenvolvimento e bem-estar de segmentos e comunidades fragilizadas, inclusive em períodos de crise e desaceleração como a que aconteceu atualmente em decorrência da covid-19.
Os efeitos positivos são potencializados pelas características da organização e operação das cooperativas de crédito, que se inserem de forma mais ativa e participativa na vida das comunidades, construindo laços mais próximos e alinhados com as necessidades e finalidades dos cooperados. Alicerçadas em seus valores e princípios diferenciais, as cooperativas constituíram-se como alternativa viável para a inclusão financeira de famílias, pequenos produtores e empresas, garantindo-lhes acesso a recursos, produtos e serviços bancários essenciais para financiamento e consecução de seus objetivos econômicos.
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