opinião

Visão do Correio: Mulheres na corrida eleitoral

Correio Braziliense
postado em 13/08/2022 06:00 / atualizado em 13/08/2022 15:56
 (crédito: Reprodução/TSE)
(crédito: Reprodução/TSE)

Em 2018, 280 mulheres e 160 candidatos LGBTQIA foram eleitos para ocupar as cadeiras dos legislativos estaduais e federal. Um resultado surpreendente para os padrões de um Brasil machista, homofóbico, misógino e racista, mas muito longe de garantir equidade entre os gêneros. Na Câmara dos Deputados, elas ocupam 77 das 513 vagas. No Senado Federal, apenas 12 das 81 cadeiras. Uma baixa representatividade, quando somam 52% da população brasileira.

Neste ano, as surpresas poderão ser bem maiores. Entre os 156,4 milhões de eleitores, elas somam 53% (83,4 milhões), e os homens, 47% (74 milhões). Assim como o público LGBT , as mulheres estão organizadas para chegar às instâncias de poder, tanto no cenário estadual quanto federal. No campo feminino, as pretas e pardas são maioria e estão ávidas por ocupar os espaços de decisão, a fim de influenciar e reverter as atuais regras do jogo, em que homens brancos impõem as políticas públicas — em grande parte dissociadas das necessidades da população — seja na economia, seja no social.

Em 522 anos, a hegemonia masculina, o patriarcalismo, o machismo e a falsa superioridade intelectual dos homens brancos não conseguiram colocar o Brasil entre as nações mais desenvolvidas. O país chegou ao século 21 patinando na saúde, na educação, nos avanços tecnológicos, na segurança pública, no trabalho. Não há política de bem-estar para sociedade. Ainda há quem, vergonhosamente, explore a mão de obra escrava, um crime de lesa-humanidade e impune quatro séculos atrás, para elevar os lucros.

As grandes fortunas foram construídas pelo aumento da miséria, diferentemente de países civilizados, que se desenvolveram por meio de avanços coletivos na qualidade de vida, com políticas que privilegiaram a educação de todas as camadas da sociedade e se pautaram pela equidade e menos desigualdades socioeconômicas. Consolidaram democracias e se tornaram potências reconhecidas pelo mundo.

Para as eleições de outubro, a participação feminina foi estimulada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho último, a Corte desenvolveu a campanha Mais Mulheres na Política 2022, veiculada em todos os meios de comunicação. As alterações nas regras eleitorais também exigiram que os partidos garantissem 30% das candidatura às mulheres; assegurassem 30% do fundo eleitoral para custar a campanha das candidatas; ocupassem 30% dos horário eleitoral; e 5% dos recursos à promoção delas na política.

As mulheres, principalmente as negras, estão se organizando para ingressar na política, decididas a combater o racismo em todas as suas expressões, as diferentes formas de violência, entre elas a sexual. Para isso, contam com apoio de organizações sociais, como o Instituto Marielle Franco, para construir as campanhas eleitorais.

Elas pretendem protagonizar a reconstrução de um Brasil diferente, em que o bem-estar social prevaleça sobre interesses econômicos de grupos que pouco ou nada contribuem para o crescimento do país. Reivindicam políticas essenciais para as mudanças na educação, na saúde, na segurança, para a moradia e avanços trabalhistas. Querem um país sem fome e sem miséria, e políticas públicas transformadoras que coloquem Brasil, efetivamente, no século 21.

 


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