ALBERTO GUTIERREZ PASCUAL - Fundador e CEO da Civitatis
Em 2022, oficialmente abrimos as janelas das nossas casas para ver um novo mundo sem muitas das restrições sanitárias que impediam viagens, encontros e shows no período desafiador que chamamos de 2020 e 2021. E entre todas as saudades desses dois anos, viajar foi uma das maiores. Não foi fácil aguardar esse retorno, mas agora a prioridade é conhecer culturas e lugares novos, acumular experiências que possam transformar a nossa vida. Segundo pesquisa feita em junho deste ano pela consultoria Deloitte, apesar de quase 80% dos brasileiros estarem preocupados com as finanças, mais da metade (68%) deles pretendem viajar neste ano.
Um exemplo desse movimento são as tradicionais festas de São João em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), que tiveram públicos recordes em 2022. Foram mais de 3 milhões de pessoas na cidade paraibana, segundo a prefeitura, colocando cerca de R$ 558 milhões na economia local, número superior ao da última festa, realizada em 2019. Segundo o Índice de Atividades Turísticas, medido pelo IBGE, o setor de turismo registrou alta de 50,2% nos primeiros cinco meses de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado. O percentual foi impulsionado principalmente pelos segmentos de transporte aéreo e rodoviário de passageiros, restaurantes, hotéis, locação de automóveis e serviços de bufê.
Apesar de o turismo estar ganhando força tanto nacional quanto internacionalmente, é no segundo que vemos o maior crescimento em comparação a 2019 e o primeiro trimestre de 2020. Os destinos que os brasileiros mais estão procurando são Paris (França), Buenos Aires (Argentina), Lisboa (Portugal), Roma (Itália) e Barcelona (Espanha).
Na Civitatis, registramos um aumento de 110% no número de reservas de passeios no exterior por parte dos brasileiros nos primeiros cinco meses de 2022 ante igual período de 2019. De forma geral, abril foi o melhor mês dos 14 anos de história da Civitatis. Isso apenas comprova que, de um jeito ou de outro, as pessoas querem — e vão, viajar. Talvez o que mude seja a hospedagem de escolha, ou o restaurante, para caber no bolso, mas uma coisa é fato: não será possível segurar a população dentro de casa neste ano.
Um ponto interessante de ressaltar é que uma das grandes tendências que se consolidaram durante esses últimos dois anos foi o desejo dos viajantes por personalização. Eles não querem mais um pacote com agenda e visitações pré-definidas e é aí que serviços que permitem que as pessoas construam o próprio itinerário e tenham flexibilidade saiam na frente.
As empresas do setor que ficaram de olho nessas movimentações e fizeram investimentos durante os últimos dois anos vão colher os frutos agora. Fica claro também que a autenticidade e um atendimento humano são elementos-chave para criar experiências que vão ganhar corações e trazer retorno nos investimentos feitos. Afinal, sim, estamos vivendo em um período de alta inflação, e em alguns países até recessão, e as pessoas só vão pagar pelo que faz sentido para elas.
E foi isso que fizemos na Civitatis. Durante os dois anos de pandemia, adicionamos ao nosso catálogo de experiências 552 atividades apenas no Brasil com parceiros que estão alinhados com a nossa filosofia do que queremos proporcionar para cada cliente. Atualmente, fornecemos passeios guiados em mais de 3.200 destinos no mundo todo. O turismo voltou com tudo e não parece que vai parar tão cedo, por isso, complemento que ainda não é tarde para quem não repensou como melhorar a experiência que eles vendem. Perguntas como "qual é o diferencial do meu negócio?", "qual o sentimento que eu quero transmitir?" e "como eu transformo o que eu faço de melhor em uma experiência?" devem guiar essa nova.
No fim, o potencial para o setor do turismo no Brasil e fora é positivo, mas só será verdadeiramente aproveitado por aqueles que entenderem que o que as pessoas querem mudou durante a pandemia. Quem investiu em personalização, experiências únicas e serviço de qualidade está indo muito bem nesta era pós-pandemia. E para os que não, chegou a hora de questionar alguns aspectos do seu negócio e começar a mudança.