Lula
A coluna Visto, lido e ouvido do Correio nos dias 20 e 21 do corrente mês, a meu ver, fez um excelente relato irônico sobre a possível situação do Brasil no caso do retorno da alma mais honesta à disputa eleitoral, trazendo consigo toda a sua conhecida e eficiente equipe. Relata alguns acontecimentos que permitiram tais discrepâncias na qual a nação tem sido, ultimamente, vilipendiada pelos nossos valorosos homens públicos com o objetivo de se manterem ao largo do alcance das leis em que todos nós, homens comuns, estamos sujeitos. Valem muito a pena serem lidos. Agora, me preocupo com o fato de que alguns ao lerem possam entender como verdade absoluta.
Vilmar Oliva de Salles,
Taguatinga
Bolsonaro x Urnas
A fala vexatória do presidente Bolsonaro ao mundo na última segunda-feira, via embaixadores no Brasil, enfatiza sua ojeriza pela tecnologia que agiliza o processo prático democrático brasileiro. Um dos pontos de combate à urna eletrônica, que ele demonstrou em seu Power Point, é que, além do Brasil, é usada apenas em dois países: Butão e Bangladesh. Como se dissesse bem ao seu estilo grosseiro: "Estão vendo, apenas esses dois países fúteis — para não usar outro adjetivo descortês — adotam a urna eletrônica". Por dedução, isso significa que se fosse adotado pelos EUA de seu guru Trump, ou o de seu outro mentor, Putin, ou países europeus, então seria um sistema confiável. Ele descrê desse aparelho moderno, tecnológico, de acordo com a contemporaneidade, criado no Brasil, por técnicos brasileiros, tecnologia brasileira, criatividade brasileira, empregado num país continental, com resultados finais divulgados praticamente instantâneos, de acordo com a velocidade do mundo virtual. Sem querer ser ufanista, nossa urna eletrônica é coisa de primeiro mundo. O vira-latismo cunhado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues ainda está em voga? Pelo amor de Deus. Bem, o presidente e o ministro do Exército querem voto impresso. Com seu acentuado desprezo pelas matas, e a falta de combate pelo exército aos ceifadores das florestas brasileiras, é bom avisá-los de que o papel é originário das árvores. Portanto, não há papel para esse ridículo papelão que eles estão protagonizando.
Eduardo Pereira,
Jardim Botânico
Crime político
Melanie Klein, a famosa psicanalista, baseou-se na interação da pulsão de vida e pulsão de morte (amor e ódio). Ela relata uma conversa com um antropólogo que lhe disse que se um inimigo conseguisse entrar na tenda de um homem, este não seria morto, pois em seu lar haveria tanta segurança quanto em um santuário. Explicou que a tenda e o santuário eram símbolos da mãe protetora. E que a proibição de matar alguém em sua própria tenda se ligava às leis da hospitalidade. Conclui Melanie: "Cito esse exemplo para indicar que tais vínculos se encontram relacionados com o objeto bom primitivo — a mãe". Entre nós, não se respeita a lei da hospitalidade e se banaliza um assassinato ocorrido dentro de um lar em festa de aniversário. Evento mais clamoroso do que em tribos primitivas. E sem a devida punição.
Thelma B. Oliveira,
Asa Norte
Judiciário
Lamentavelmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) se transformou em um conciliábulo desobediente aos princípios constitucionais, principalmente os juízes que constituem a Segunda Turma. Até quando? Para o isento exercício de suas funções, os magistrados deveriam se inspirar em juristas do porte de Sobral Pinto e Afonso Arinos. Infelizmente, a interpretação das leis brasileiras reserva ao magistrado certa margem de opção. Em face dessa margem, como disse o jurista Francesco Carnelutti, quem comanda não é a lei inexorável, mas a vontade imutável do juiz. Exemplo maior, temos a condenação de um deputado federal, inclusive esteve preso, sendo que, deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. O sério perigo, novo, que hoje paira sobre os magistrados brasileiros é a excessiva politização ou, pior, sua clara partidarização. Estamos acostumados a pensar que os juízes do STF são pessoas ilibadas, de passado sem jaça, cuja retidão incontaminável é a fiadora da nossa confiança. Mas, como são elevados à mais alta Corte do país pela preferência do presidente da República, ou de partidos que o apoiam, ou, ainda, pela pressão de grupos, sempre poderemos encontrar, entre eles, aqueles cuja tibieza de caráter os levará a ocupar-se de satisfazer interesses dos seus patrocinadores, ou interesses outros que não o da Justiça. É a situação com que temos deparado ultimamente naquela Suprema Corte.
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras