EDUARDO LUIZ - CEO da Epar
Já passamos para o segundo semestre de 2022, ou seja, metade do ano se foi. Se considerarmos as estimativas feitas no final de 2021 e início de 2022 sobre o que estaria por vir, muito dificilmente falaríamos que iríamos conseguir cumprir e até performar algumas delas.
Um dado muito importante que colabora para essa constatação é a queda no número de desempregos, com um deficit de 10%, mas precisamente em 9,8% até maio. Isso é importante, pois é o melhor resultado desde 2015.
Bem verdade que a economia ainda não está totalmente recuperada. No entanto, quando pegamos os dados das pequenas empresas que elevaram os investimentos, tomando crédito, apostamos justamente na retomada. Quando pegamos essa base de empregos gerados que passam a ter um poder de consumo, podemos esperar um crescimento de forma real. Isso corroborado com os incentivos que o próprio governo tem concedido e até com o aumento, nos últimos dias, que vão nessa direção.
O nosso Banco Central foi um dos primeiros a dar o remédio amargo, subindo os juros para conter a inflação que estava anunciada. Isso se mostrou coerente e correto, tanto que os países que não fizeram esse movimento passaram a sofrer as consequências em suas economias, com taxas de inflação há tempos não vistas.
Diante desse cenário, o que esperar para o segundo semestre de 2022? Novamente, qualquer estimativa pode ser alcançada ou simplesmente não. Uma coisa posso afirmar — nesses anos que estou à frente de negócios, atuando e contribuindo com outros tantos —, é raro vermos empresas e negócios morrerem por trocarem ou fazer essa mudança de forma rápida. É frequente vê-las morrerem lentamente ou simplesmente não mudarem.
No cenário onde as coisas acontecem de modo muito rápido, o ontem não é sucesso para o amanhã. Tudo muda e as empresas precisam entender que são organismos vivos. Não quero dizer que precisamos mudar tudo e todos, mas assim como pequenos blocos que são empilhados um a um para a construção de uma parede ou prédio, isso deve ser feito. As empresas e organizações precisam entender de forma definitiva que o ponto de partida e o ponto de chegada devem sempre ser o cliente. O foco deve estar aí.
Aqueles que ainda têm ou orbitam conceitos fechados, e que fazem com que escutemos até hoje algumas frases como: "sempre foi assim", "só estamos aqui porque isso já foi feito dessa forma", "não mexo em time que está ganhando", "eu sei o que os nossos clientes precisam", só ratificam o que muitos ainda não entenderam: o conceito de ter o cliente no centro de tudo.
A atuação de forma organizada e parametrizada é um fator determinante para que se alcancem novos mercados e frentes de atuação, se isso não está bem desenhado, não adianta correr atrás de clientes. Por fim, descobrir como o negócio é tangiabilizado e tentar criar referências que possam ser balizadas com o mercado e com a concorrência, essas informações podem ser de cada profissional, setor e até mesmo global de toda a empresa. Medir e mensurar o que é feito e entregue é fundamental.
Por fim, não sei em que negócio ou área atua, nem sei também há quanto tempo, mas posso afirmar que, se quiser ter um segundo semestre melhor do que foi o primeiro, deve agir firmemente no caminho e na busca de melhorias e da transformação continuada. Mudar não é mais um conceito, mas, sim, questão de sobrevivência.