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Artigo: E você zoava o padrão Fifa...

Brasília recebeu um jogo da Copa das Confederações em 2013, sete da Copa do Mundo em 2014, 10 dos torneios masculino e feminino de futebol na Olimpíada do Rio-2016, oito da Copa América em 2021, 37 da Série A do Campeonato Brasileiro, três da Libertadores, uma final da Recopa Sul-Americana, duas decisões da Supercopa do Brasil e outros tantos torneios oficiais e amistosos de ponta totalizando 193 partidas de médio e pequeno porte desde a reinauguração do Mané Garrincha, em 2013, mas não aprendeu nada. Insiste em tratar mal o contribuinte. Quem ajudou a erguer o estádio de R$ 1,575 bilhão, o mais caro do Mundial no Brasil.

A cidade que zombava do padrão Fifa e fabricava memes em série para desqualificar a tentativa da entidade máxima do futebol de entregar experiência de excelência em seu evento de gala teve aulas magnas no quintal de casa, mas prefere a esculhambação. Associar-se à bagunça. Ao quanto pior, melhor.

Ontem, recebi várias reclamações de torcedores do Flamengo e do Coritiba estacionados em filas quilométricas na caça aos ingressos para o jogo de hoje, às 19h, pela 18ª rodada da Série A. Pior: as narrativas — palavrinha da moda — sobre o amadorismo na comercialização de tíquetes para uma simples partida de futebol no DF são recorrentes.

Um amigo rubro-negro esteve numa loja do Flamengo para comprar ingresso. Havia 65 pessoas à frente dele. Contadas a dedo. Apenas um caixa disponível aos clientes. Ele conseguiu efetuar a compra depois de duas horas e meia de espera! Algum gaiato dirá: por que não adquiriu na internet? Há relatos de instabilidade no sistema. Diante da impaciência com a plataforma, muitos correram para postos físicos. Outros fogem da taxa de conveniência (10%).

Na fila, a surpresa desagradável. Em tempos de dinheiro de plástico (cartão de débito ou crédito) e o PIX estão fora de moda. Aviso de que a única forma de pagamento é dinheiro. Quem não tinha saiu da fila correndo e foi sacar.

O tratamento ao torcedor-cliente costuma ser ruim antes, durante e depois dos jogos em Brasília. Cobrar X ou Y por vaga de estacionamento, por exemplo, faz parte do capitalismo selvagem. Aceitar pagar ou não é escolha sua. Investir na garagem e ser mal atendido é feio. Coleciono reclamações de usuários da final da Superliga Feminina de Vôlei, na Liga das Nações de Vôlei, no Nilson Nelson; da partida entre Ceilândia e Botafogo pela Copa do Brasil e no clássico entre Flamengo e Botafogo.

Especificamente no duelo entre Botafogo e Ceilândia, um torcedor do Glorioso indignou-se via WhatsApp: "Filas quilométricas para entrar, banheiros interditados, cerveja ruim e quente a R$ 10. Infelizmente, em Brasília, a gente não sabe fazer futebol", desabafou. Bom seria que o problema fosse exclusivo da capital. Mais fácil de resolver. O "país do futebol" abriu mão de zelar por um de seus maiores patrimônios culturais.

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