Gilberto Amaral
Trabalhei muitos anos no Correio Braziliense, meu primeiro emprego na década de 1970. Como diagramadora atendia os colunistas sociais, da saudosa Katucha, a Gilberto Amaral; a bela e corajosa Consuelo Badra, primeira mulher a denunciar publicamente um espancamento que sofreu de um namorado covarde; Osvaldo Rocha, um amigo fiel até hoje; e também diagramei por alguns anos as páginas da Mara Amaral sobre moradas e arquitetura da capital. Tempo bom que permanece na memória afetiva. Certo dia, uma dor de cabeça me incomodava sobremaneira e Gilberto Amaral perguntou-me porque estava tão abatida. Ao lhe dizer o motivo, aproximou-se de mim, deu três estalos sobre minha cabeça e a dor desapareceu milagrosamente. Perplexa perguntei o que fizera, respondeu com um muxoxo. Soube depois que era um dos médiuns do Templo Mãe, criado pela clarividente Tia Neiva, no Vale do Amanhecer. Daquele dia em diante passei a olhar o colega de forma mais solene. Vá em paz, Gilberto, que seja recebido pelas entidades luminosas que brilharam no Vale do Amanhecer. Meus sentimentos a Mara, seus filhos e netos.
Jane Araújo,
Sudoeste
Meio ambiente
O desflorestamento de todos os biomas brasileiros, em especial o amazônico, foi magistralmente abordado no editorial do Correio deste domingo, 10/07. O Brasil está dando um tiro no próprio pé, ou caminhando para um beco sem saída, ou para um suicídio nacional, como queiram. Até o discutível agronegócio, a menina dos olhos da nossa economia, da forma como é feito, na maioria dos casos, sofrerá brutalmente com as mudanças climáticas provocadas pela devastação das florestas. Quanta insensibilidade e ignorância. Embora hajam iniciativas contrárias, elas ainda são pontuais e representam pouco diante de tanta barbárie. E olha que nem foi abordado diretamente a questão dos agrotóxicos, em que o Brasil é campeão mundial no uso indiscriminado. Quanto tempo leva para recuperar um hectare de mata nativa? Mas estamos falando de milhões de hectares. Na maioria dos casos, não se consegue regenerá-la da forma que existia antes da destruição. E qual o preço disso? É uma conta que não fecha. O valor obtido com a exploração insustentável é muito menor do que o prejuízo ambiental. Não há uma mente no governo com lume mínimo para tomar decisões que mudem essa realidade? Ou somos reféns do poder desagregador dos interesses internos e externos, do lucro imediato e fácil, degenerativo?
Humberto Pellizzaro,
Asa Norte
Hipocrisia sistêmica
Com a pandemia, esperávamos que a sociedade mudasse para melhor. Mas não. As pessoas parecem não ter aprendido absolutamente nada. O egoísmo segue firme e forte. A boiada passa com seus instrumentos de alienação. O agronegócio — que diz produzir alimentos, mas produz commodities para exportação ou para alimentar o gado, enquanto 19 milhões de brasileiras e brasileiros passam fome — enriquece cada vez mais à custa da segurança alimentar e nutricional da população brasileira, da preservação do meio ambiente, da nossa saúde e da nossa soberania alimentar. "Eu vivo em tempos sombrios. Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez, uma testa sem rugas é sinal de indiferença. Aquele que ainda ri é porque não recebeu a terrível notícia […]" — assim como Bertolt Brecht (1898-1956) disse no poema Aos que virão depois de nós, sentimos o pisar dos problemas machucando a terra do nosso juízo. Não à toa, aprender a conhecer (primeiro pilar), aprender a fazer (segundo pilar), aprender a ser (terceiro pilar) e aprender a conviver (quarto pilar), segundo Jacques Delors, são considerados essenciais para o sucesso da vida em sociedade. Contudo, convém ressaltar que é difícil aprender um conteúdo acadêmico com um corpo marcado pela fome ou cultivar relações sociais harmônicas com o emocional marcado pelo abandono. É visível a produção de homens invisíveis. Melhor dizendo: a hipocrisia sistêmica, todos os dias, afirma o prolongamento da pobreza e o desfile criminoso da riqueza. A democracia teórica e a ditadura prática sustentam a escravidão continuada que se impõe à realidade brasileira desde priscas eras. A saída desse labirinto estrutural encontra-se justamente no saber popular em poder por ele constituído.
Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Avaria no painel
Nem sabemos mais o que se poderá aguardar nas próximas eleições. O presidente da Câmara Federal tentou iniciar a sessão rumo à aprovação da PEC das Bondades e não conseguiu. Motivo? Houve avaria nos cabos que alimentam o sistema tecnológico daquela Casa. O painel ficou dando sinal de pinel. A mídia noticiou que Artur Lira madrugou, até às 4h, de 13 de julho, em reuniões com a Polícia Federal, para descobrir as possíveis autorias de mais esse escândalo nacional, ou não? Quem sabem, ou lá, poderia ter ocorrido danificação/avaria natural no sistema? As investigações continuam... Por outro lado, as críticas à PEC são ferrenhas... É vem a indagação da consciência coletiva: qual é o porquê de temores com a sua aprovação? No Senado, foi aprovada com apenas um voto contra; fato, até então, inédito. Onde está escrito na Constituição Federal que é proibido, ao governos federal, estadual ou municipal levarem benefícios sociais à população carente? O tempo passa e vamos conhecendo mais e mais quem é quem nos jogos político-partidários. Passou agora, um bando de aves cantando, assim, em tons hilários.
Antônio Carlos S. Machado,
Águas Claras