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Artigo: Integridade corporativa, uma agenda edificada em cultura

ALEXANDRE BALTAR - Chief Compliance Officer (CCO) da OEC

O tempo é rei, já dizia o poeta e, agora, imortal Gilberto Gil. Assim como para nós, pessoas físicas, quando deparadas com os mais difíceis desafios e dilemas, recorremos à nossa essência e aos valores consolidados pelas experiências vividas, o mesmo ocorre com as empresas que passam por processos de aprimoramento de seus sistemas de integridade e governança.

Cada passo tem um tempo certo, de acordo com a maturidade do momento, de forma que possa ser percebido, aceito, assimilado e seguido por todos. É com essa premissa que se criam as bases para programas efetivos de integridade, firmados em propósitos legítimos e na cultura que se consolida nas atitudes de cada indivíduo. Integridade corporativa nada mais é que o conjunto resultante da conduta das pessoas que compõem a empresa.

Processos claramente instituídos são importantes como elementos de segurança que permitem prevenir, detectar e remediar situações discordantes dos compromissos assumidos, com base em um arcabouço de governança, instâncias, controles e responsabilidades bem definidas. A saúde e reputação das companhias são responsabilidade de todos que as integram.

Criar um senso de responsabilidade aguçado, que impulsione a empresa e todos os seus integrantes a manterem os mais altos padrões de atuação ética, alinhados com as melhores práticas globais de governança, é um processo de aprendizado e aculturamento que exige disciplina e diálogo constante, algo que aprendi na prática, nos últimos cinco anos, desde a criação da Política de Integridade da OEC. Enquanto o comprometimento não pode vacilar, a política e o seu entendimento por pessoa precisam estar em constante evolução.

Não se deve ter um documento de gaveta, mas, sim, uma referência atitudinal vivenciada na prática, diuturnamente e sem margem para retrocessos. Para manter os melhores padrões de governança corporativa, empresas buscam fortalecer seus processos decisórios com incorporação de conselheiros de administração independentes e instâncias de assessoramento e supervisão como comitês de Integridade, Auditoria, Finanças, Riscos e Ética; adotar um Código de Conduta para integrantes e fornecedores; instituir canais denúncias; e implantar metas de compliance para avaliação de desempenho de executivos e suas equipes, entre outras iniciativas.

A edificação dessa cultura, no entanto, não pode ser apenas intramuros. É preciso juntar forças e seguir ao lado de entidades e instituições que buscam auxiliar no aprimoramento da integridade no mundo empresarial e no setor público.

Para dar o exemplo em casa, além do Movimento pela Integridade do Setor de Engenharia e Construção (Misec), secretariado pela Rede Brasil do Pacto Global e pelo Instituto Ethos, somos parceiros do Movimento Empresarial pela Integridade e Transparência, do Instituto Ethos, e do Instituto Brasileiro de AutoTregulação no Setor de Infraestrutura (Ibric). Mas há outras referências, todas imbuídas das mesmas causas, que podem ajudar as empresas a avançarem nessa agenda tão importante para o desenvolvimento e para a sociedade.

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