Todas as costuras políticas, alinhavadas nos bastidores pelos partidos e respectivos candidatos, feitas às vésperas do início oficial das campanhas, servem apenas às legendas para um eventual agrupamento de intenções, passando longe da realidade diária da população brasileira, que a tudo assiste entre absorta e indiferente.
É forçoso inferir que estamos em dois mundos distintos, separados por unidades astronômicas de distanciamento. Tudo isso se dá por uma simples razão: nesses dois polos, estão cada um cuidando da própria vida. Com um divórcio dessa natureza, impossível acreditar que haja sintonia de propósitos entre o que almejam os políticos e o que anseia, de fato, a população.
Somente após todas essas amarrações de bastidores será possível se estabelecer alguns rascunhos, feitos em papel de pão, de programas de governo. Desconhecem-se, até o momento, programas realistas, enxutos e exequíveis, apresentados pelas federações de partidos. Por certo não haverá também. Ainda que surjam, não haverá tempo suficiente para ser devidamente debatido, nem internamente, nem, tampouco com os eleitores.
Estamos todos mergulhados no mais profundo dos primarismos em termos de agendas e de programas. De última hora, surgirão programas que nem mesmo os marqueteiros de cada federação conseguirão destrinchar em miúdos. É nesse improviso geral, arquitetados pelos caciques partidários e pelos candidatos, que rumamos para as eleições de outubro. Com uma paisagem desolada de ideias, é fácil prever que surpresas surgirão nas próximas campanhas.
O pobre do cidadão, a quem cabe engolir e bancar toda essa gororoba, feita às pressas, é que sofrerá durante as transmissões das propagandas obrigatórias. O pior é que todo esse esboço, mal ajambrado, em forma de programa de governo, não será implementado por candidato algum. É tudo propaganda vazia. Num mundo ideal, todo esse merchandising deveria ser regulado também pelos institutos de defesa do consumidor.
Muito mais útil ao cidadão e ao eleitor seria a Justiça Eleitoral obrigar todos os candidatos a comparecerem aos debates públicos, sob pena de abandono do pleito. Nesses debates, deveriam incluir também entidades de interesse público, desnudando cada um desses postulantes e mostrando para todo mundo quem é quem e quem pensa que é alguém.
O que temos, até aqui, são bonecos tipo marionete, cada um açulando sem concorrente, tudo numa pobreza de ideias e projetos de fazer dó. A razão, por detrás de toda essa pantomima vazia pode ser encontrada, com facilidade, na não feitura de uma verdadeira reforma política, capaz de colocar cada ideia, cada partido, cada candidato no seu devido lugar.
Nessa altura dos acontecimentos, todo esse desarranjo, que tem pai, mãe e propósitos muito bem arquitetados por alguns postulantes, fica fácil intuir que todo esse arrasta pé eleitoral visa confundir o eleitor e embaralhar a sua razão, servindo por fim, somente, àqueles que querem iludir e tirar proveito eleitoral imediato, pouco importando as consequências futuras.
Esse trem desgovernado, que agora parte da estação, levando a bordo aqueles que são os legítimos candidatos de si mesmos, rumo a outubro, mostra que ainda temos muito que evoluir até que tenhamos representantes à altura de um país continental e de nação de tamanha importância estratégica para o mundo. É preciso, o quanto antes, fixar uma placa anunciando: Procura-se urgentemente, um candidato à altura do Brasil. Falar com os brasileiros de bem.
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