São muito positivos os dados divulgados na quinta-feira pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que registrou a criação de 277,9 mil postos de trabalho com carteira assinada em junho passado. Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência é o saldo da movimentação no mercado, que desligou 1,62 milhão de trabalhadores com carteira assinada e contratou outros 1,89 milhão.
Na soma de todos os meses do primeiro semestre, o Caged registrou 1,3 milhão de novas vagas com carteira assinada, quantidade mais baixa que as 1,4 milhão do mesmo período de 2021. Ou seja, apesar do aumento da taxa de juros pelo Banco Central (BC), que está em 13,15 % (a.a). A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.
A Selic influencia todas as taxas de juros do país, como as dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. Quando sobe, afeta o consumo e os investimentos, porque serve de base para a cobrança de juros dos empréstimos, financiamentos e cartões de crédito. Os dados do Caged mostram que a economia está reagindo positivamente, apesar das medidas de contenção do BC.
O desempenho de junho somente foi superado, neste ano, pelo de fevereiro, que apresentou um saldo de 328,5 mil vagas adicionais. Entretanto, devemos levar em conta que ainda é inferior ao de junho de 2021, quando foram gerados 317,8 mil pontos de trabalho. A vacinação em massa da população, que reduziu a letalidade das novas variantes da covid-19, e a volta gradativa às atividades urbanas jogaram um papel extraordinário nessa recuperação.
O setor de serviços, um dos mais atingidos pela pandemia, sozinho, gerou 124,5 mil novas vagas. É o triplo do desempenho da agricultura, da pecuária, da produção florestal, da pesca e da aquicultura, atividades primárias que absorveram 34,4 mil trabalhadores com carteira assinada. É preocupante, porém, o fato de que a construção civil, que costuma ser o setor econômico mais dinâmico na vida das cidades, gerou apenas 30,2 mil empregos formais.
Do ponto de vista da geração de emprego, o Sudeste continua sendo a vanguarda, com 137,2 mil novos postos de trabalho. O Nordeste surpreende, com 52,1%, ultrapassando o Centro-Oeste, que abriga o setor mais dinâmico da economia, o agronegócio, com 34,2 mil empregos criados. Isso mostra que há um processo de desenvolvimento no Nordeste, que tende a reduzir desigualdades regionais. O Sul (31,7 mil) e o Norte (21,7 mil) ficaram bem para trás, mas estão longe de uma estagnação.
Um dado preocupante é a redução do salário médio de admissão, que ficou em R$ 1.922,77 em junho, com acréscimo de R$ 12,99 em relação a maio. Esse ganho de 0,68% é muito pequeno se levarmos em conta a taxa de inflação. Em janeiro, essa média foi de R$ 2.006,15. A redução da massa salarial tem impacto direto na atividade econômica, por que afeta o consumo. O trabalhador está substituindo o almoço pelo lanche. A médio prazo, essa perda de poder aquisitivo joga para baixo a taxa de crescimento.
Numa projeção para os próximos meses, esses indicadores deverão sofrer o impacto direto da PEC das Eleições, com a liberação de dois meses de Auxílio Brasil (equivalente a R$ 1200,00) em agosto e os auxílios de R$ 2 mil para os caminhoneiros, entre outros benefícios. Haverá também a liberação dos recursos bilionários do fundo eleitoral em atividades de campanha, que movimentarão principalmente o setor de serviços a partir de agosto. É possível que nos próximos meses a geração de empregos formais tenham um aumento mais expressivo.
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