ELEIÇÕES 2022

Análise: Eu assinei a Carta em Defesa da Democracia; e você?

Assinei a carta por que acredito na democracia, no debate de ideias. Vejo como um movimento contra o golpismo. E você, caro leitor, vai aderir?

Roberto Fonseca
postado em 29/07/2022 06:00 / atualizado em 29/07/2022 11:00
 (crédito: Cecília Bastos/USP Imagens)
(crédito: Cecília Bastos/USP Imagens)

A Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, assinada por professores, alunos, ex-estudantes e ativistas da Faculdade de Direito da USP, virou um grande ponto de embate nas redes sociais. O texto faz uma defesa enfática da democracia, das instituições, da Constituição e também da urna eletrônica — "Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo", ressaltam o autores.

Com 631 palavras e 4,1 mil caracteres, o documento não cita o nome de ninguém, mas o presidente Jair Bolsonaro e os seguidores vestiram a carapuça. Na quarta, disse que não precisa de "cartinha" para demonstrar o apoio às instituições. Ontem, voltou ao tema: "Qual ameaça que eu estou oferecendo para a democracia?". É nítido que o presidente e auxiliares se sentiram desconfortáveis com o texto, assinado por nomes notórios da área jurídica, entre os quais nove ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal: Carlos Ayres Britto, Carlos Velloso, Celso de Mello, Cezar Peluso, Ellen Gracie, Eros Grau, Marco Aurélio Mello, Sepúlveda Pertence e Sydney Sanches.

Ainda estamos a duas semanas e meia do início da campanha eleitoral, mas a carta já pode ser considerada um ponto de inflexão. Representa o recado de uma parcela influente e expressiva da sociedade se posicionando de antemão contra retrocessos autoritários. "Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições", crava o texto.

A quantidade de signatários ao texto cresce de forma expressiva — supera mais de três centenas de milhares de adesões e vai aumentar. Afinal, virou uma corrente nos grupos de WhatsApp. Arrisco dizer que, até o dia em que será oficialmente lançada, 11 de agosto, durante um grande ato em favor da democracia, dos tribunais superiores e do sistema eleitoral, a carta passará com folga da marca de 1 milhão de nomes. O dia, como se sabe, celebra a criação dos cursos jurídicos no Brasil.

Nasci na época da ditadura. Quando iniciamos o processo de democratização, era uma criança em alfabetização. Minhas memórias dos anos de chumbo são mínimas, mas por tudo que estudei e pelos relatos de quem enfrentou a ditadura, tenho consciência que é uma mancha que não precisamos reviver. Assinei a carta por que acredito na democracia, no debate de ideias. Vejo como um movimento contra o golpismo. E você, caro leitor, vai aderir?

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação