CÉSAR LANDA - Ministro das Relações Exteriores do Peru
O 201º aniversário do Peru é um momento oportuno para destacar o legado e a promessa da vizinhança bicentenária com o Brasil. Apenas 13 meses, de 28 de julho de 1821 a 7 de setembro de 1822, separam as datas da independência de nossas duas nações. Hoje, poucos dias antes do bicentenário do Brasil, temos que comemorar os marcos dessa convivência, desde a definição dos limites, os acordos fluviais e as conferências americanas do século 19, passando pela sucessão de visitas e acordos oficiais, as coincidências terceiro-mundistas e as mediações brasileiras para a paz regional do século 20; até a aliança estratégica de 2003 e o progresso gradual da interconexão física, comércio, investimento e turismo alcançado nos últimos 20 anos.
Hoje, em um contexto tão difícil para o mundo, entre uma pandemia persistente, a guerra na Ucrânia e as sucessivas turbulências econômicas e com uma região sul-americana imersa em múltiplos desafios políticos, sociais e ambientais, Peru e Brasil trabalham juntos, com pragmatismo e realismo, para fortalecer sua vizinhança, marcada por quase 3 mil quilômetros de fronteira, economias promissoras e duas sociedades que sentem simpatia e curiosidade uma pela outra.
Por isso, estamos cumprindo o que foi acordado pelos presidentes Pedro Castillo e Jair Bolsonaro, em Porto Velho, Rondônia, em 3 de fevereiro deste ano, para aperfeiçoar nosso Acordo de Ampliação Econômica e Comercial, assinar seu protocolo complementar e relançar os investimentos recíprocos, bem como aumentar o comércio e o turismo entre as regiões da fronteira, pela estrada do Pacífico e pelo rio Amazonas e seus afluentes.
Estamos também retomando iniciativas para aprofundar a nossa coordenação em questões de defesa e segurança pública, com destaque para o monitoramento conjunto e o combate às diversas atividades ilícitas de exploração e comércio que afetam as zonas fronteiriças. Da mesma forma, estamos muito interessados em retomar o aprendizado mútuo em questões sociais e interculturais, para enfrentar os persistentes desafios de inclusão e pobreza, bem como estabelecer um espaço de diálogo bilateral sobre questões ambientais e de bioeconomia, para ajudar, juntos, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, para se tornar uma instância transformadora das políticas públicas amazônicas na região.
Por seu lado, buscamos fortalecer a cooperação técnica em ciência e inovação, aumentar os projetos entre nossos ecossistemas de startups e aumentar os laços culturais entre nossos artistas, músicos e chefs, para multiplicar no enriquecimento recíproco de nossas sociedades, na maioria mestiças, que são tão jovens e criativas. Aqui também desejo destacar a importante contribuição econômica e social feita, durante décadas, pelos migrantes andinos, especialmente os mais de 50 mil peruanos; profissionais, trabalhadores e famílias plenamente integrados em São Paulo e em todo o território brasileiro.
Em um sentido mais amplo, Peru e Brasil estão coordenando estreitamente nossas entradas simultâneas à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um processo que deve acelerar a aplicação de boas práticas de governança pública, de integridade e eficiência, em benefício dos nossos povos.
Da mesma forma, nos fóruns regionais e da Organização das Nações Unidas, compartilhamos convicções comuns sobre o respeito e a promoção dos direitos humanos, a defesa da democracia, o valor do multilateralismo e as prioridades de crescimento, inclusão social e luta contra a pobreza no mundo em desenvolvimento.
Juntos, Peru e Brasil ocupam o eixo central da América do Sul, entre o Pacífico e o Atlântico, abrangendo o coração da Amazônia e, por isso, nosso comum desenvolvimento sustentável, no pleno respeito das instituições democráticas, são chamados a ser uma base para a coordenação política e a integração econômica na região. Por isso, hoje, celebremos o legado e a promessa da nossa vizinhança bicentenária.
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