ELEIÇÕES

Análise: não à violência! Não é proibido ser petista ou bolsonarista

O clima de eleição é bem tímido nas ruas. Só uns ambulantes que vendem bandeiras e flâmulas dos presidenciáveis. Preocupa, no entanto, a intolerância política que está presente na disputa eleitoral deste ano

Roberto Fonseca
postado em 22/07/2022 06:00
Toalhas com as imagens de Bolsonaro e Lula são vendidas nas ruas de Brasília -  (crédito: Reprodução/redes sociais)
Toalhas com as imagens de Bolsonaro e Lula são vendidas nas ruas de Brasília - (crédito: Reprodução/redes sociais)

O início da campanha eleitoral será daqui a três semanas e meia, mas as articulações e alianças em torno da disputa presidencial estão presentes há tempos. Acompanhamos agora a temporada de convenções partidárias, a parte burocrática de confirmação da maioria dos nomes que estão lançados. Com exceção de um ou outro caso, principalmente na esfera local, todos já sabem para qual cargo vão concorrer.

A 71 dias do primeiro turno, o clima de eleição é bem tímido — até por que, oficialmente, os candidatos só podem pedir votos a partir de 16 de agosto. No Eixo Monumental, ambulantes oferecem bandeiras e flâmulas dos presidenciáveis, mas nada que empolgue muito. Toalhas também estão à venda. As mais vendidas são exatamente as dos dois candidatos que polarizam a disputa: Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. É possível encontrar, no entanto, adereços com as imagens de Simone Tebet e Luciano Bivar.

As mais recentes pesquisas eleitorais divulgadas sinalizam que teremos segundo turno. A vantagem de Lula para Bolsonaro tem oscilado dentro da margem de erro, seja para mais ou para menos, mas as demais candidaturas rendem votos suficientes, como mostram os levantamentos eleitorais, para que a eleição não seja definida em 2 de outubro.

Preocupa, entretanto, a intolerância política que margeia a disputa eleitoral deste ano. Depois do assassinato em Foz do Iguaçu, no Paraná, em que um bolsonarista matou uma liderança petista local, o confronto entre aliados do deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB) e do pré-candidato ao governo fluminense Marcelo Freixo (PSB) é mais um sinal que a violência na campanha precisa ser acompanhada com atenção.

O recente relatório da Eurasia Group, influente empresa norte-americana de consultoria política, vai nesta linha. O documento divulgado aponta para uma possível "escalada da violência no Brasil" durante a campanha. O risco será maior, segundo a consultoria, no intervalo entre o primeiro e o segundo turnos, quando há chances de protestos e ataques a prédios públicos. A possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros também está no radar.

Polarização política é bem diferente de radicalização, que sempre deve ser combatida e evitada. A democracia é feita na base do diálogo, do convencimento, do poder de persuasão. Já a violência é uma marca das ditaduras. Aceitar os argumentos contrários, sem xingamentos ou ataques, é o dever de todo cidadão. Ser petista, cirista, bolsonarista não é crime, é apenas uma convicção política. E merece ser respeitada. Sempre.

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