Zerar a emissão de gases de efeito estufa é desafio para todas as nações, a fim de frear o aquecimento global e limitá-lo a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, segundo o Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015, por 196 países, e em vigor desde novembro de 2016. O Brasil, um dos signatários do acordo, dispõe de condições ambientais bastante favoráveis para dar uma contribuição ímpar à meta estabelecida na Conferência do Clima.
Apesar da ausência de políticas públicas para a preservação do patrimônio natural, o país tem avançado na geração de energia solar e eólica, que dispensa pesados investimentos para a construção de mega-hidrelétricas, como a de Belo Monte (PA), com danosos impactos econômicos, ambientais e sociais, forçando o deslocamento de populações tradicionais e originárias das terras que habitam.
Com 8,1% de participação na matriz energética do Brail, a energia solar e fotovoltaica está na terceira posição, atrás da eólica (10,8%) e hídrica (54%), segundo a Associação Brasileira de Energia Solar e Fotovoltaica (Absolar).
Especialistas acreditam que a energia fotovoltaica alcançará a liderança entre as matrizes energéticas nacionais até 2050. Ou seja, em 28 anos, 32% da energia consumida no Brasil terá o Sol como fonte, superando a hídrica, que participará com 30%, segundo estudo da Bloomberg New Energy Finance. Hoje, a fotovoltaica ultrapassou o gás natural e a biomassa no ranking de valores de capacidade instalada no Brasil.
A expansão tanto da solar quanto da eólica propiciará ao Brasil destaque na produção de energia limpa, podendo reduzir, ou até eliminar, as termelétricas que contribuem para o aquecimento global, a preços elevados que pesam, seriamente, no bolso dos consumidores. A economia para os usuários é outro elemento de grande interesse para a sociedade, em sua maioria desfavorecida financeiramente.
Para que o país avance cada vez mais na construção de uma matriz sustentável e não poluidora é fundamental que haja políticas públicas com igual intenção em relação ao meio ambiente, o que implica ações de preservação da malha hídrica e da cobertura vegetal.
Assim, há necessidade de revisão da expansão de atividades econômicas, como a agropecuária, polos industriais e outras iniciativas que afetam nascentes e cursos de água. Os zoneamentos ecológicos econômicos deverão estar na pauta das providências do poder público, evitando o comprometimento de ecossistemas. Demanda ainda o desenvolvimento da reforma sanitária, de modo a preservar os corpos hídricos, indispensáveis para o consumo humano e dessedentação animal.
Todos esses avanços no campo energético sinalizam para enormes oportunidades de crescimento econômico e redução de desigualdades. No entanto, o país poderá patinar, em meio a essas possibilidades, caso as políticas públicas desconsiderem todas as exigências impostas pela preservação do meio ambiente e ignore a profunda iniquidade socioeconômica em que vivem mais de 50% dos brasileiros.
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