Música

Artigo: Caetano, o cinéfilo

Irlam Rocha Lima
postado em 19/07/2022 06:00
 (crédito: Marcos Vieira/EM/D.A press; Ricardo Nunes/Divulgação; Leo Aversa/Divulgação; Ricardo Nunes/Divulgação; Mateus Mondini/Divulgação)
(crédito: Marcos Vieira/EM/D.A press; Ricardo Nunes/Divulgação; Leo Aversa/Divulgação; Ricardo Nunes/Divulgação; Mateus Mondini/Divulgação)

Caetano Emanuel Vianna Teles Veloso completa 80 anos em 7 de agosto. Desde já homenagens estão sendo prestadas a este gigante da cultura brasileira. Duas delas vêm da área da literatura. Uma é a biografia pouco convencional, intitulada Outras palavras, escrita pelo jornalista carioca Tom Cardoso, detentor do Prêmio Jabuti de 2012, por O cofre do Dr. Ruy.

Lançamento da Record, o livro, que chega ao mercado editorial no próximo dia 25, focaliza facetas diversas do artista: o santo-amarense, o polêmico, o líder, o vanguardista, o amante e o político. Para escrevê-lo, Tom, que entrevistou o cantor e compositor em várias oportunidades, optou por não voltar a conversar com ele quando decidiu escrever a biografia.

Já a Companhia das Letras prepara uma antologia —,organizada pelo jornalista Cláudio Leal —, com 50 artigos e ensaios sobre cinema que, na juventude, Caetano publicou nos jornais Archote, de Santo Amaro da Purificação, e Diário de Notícias, de Salvador.

A paixão de Caetano pelo cinema é antiga. Filmes neo-realistas de Federico Fellini, como La Strada e Noites de Cabíria são tidos por ele como referência cinematográfica. Não por acaso compôs uma canção a qual intitulou Giulietta Masina, atriz que era musa do cineasta italiano.

A outras composições deu o nome de Cinema Olímpia, Cinema transcendental e Cinema Novo. Na letra desta última ele faz citação de filmes que o marcaram, enquanto cinéfilo: Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha), Vidas secas (Nelson Pereira dos Santos), Os fuzis (Ruy Guerra), O padre e a moça (Joaquim Pedro de Andrade) e A Grande feira (Roberto Pires).

Um dos ítens da diversificada obra do tropicalista é o controverso documentário experimental O Cinema Falado, de 1986. O título ele tirou da letra de Não tem tradição, samba de Noel Rosa, que ouviu na interpretação de Aracy de Almeida, no filme Noel por Noel, de Rogério Sganzerla. Há quem se lembre da película por conta da nudez frontal do então jovem ator Maurício Mattar.

Em 7 de outubro, Caetano Veloso retorna a Brasília e ao auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães com o show Meu coco, no qual mostra músicas de álbum homônimo e faz revisão de sua discografia. Uma das novas canções do repertório é Não vou deixar, em que canta "Não vou deixar/Não vou deixar você esculachar com nossa história...". Se você imagina que ele se refere a um certo mandatário do continente sul-americano, passe a ter certeza.

Não custa lembrar que, quase ao final da apresentação na cidade em 18 de junho, Caetano homenageou o indianista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, assassinados na região do Vale do Javari, na Amazônia, ao exibir uma espécie de bandeira com a imagem de ambos e questionar: "Por que interromperam as investigações?" Anteriormente, em 9 de abril, liderou o Ato pela Terra, na Esplanada dos Ministérios, quando protestou contra projetos de lei que ameaçam o meio ambiente.

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