ASTRONOMIA

Análise: o supertelescópio James Webb vai encontrar vida extraterrestre?

É uma pergunta em que não há resposta por um simples motivo: a ciência não consegue provar nem negar. Então, vira uma discussão muito mais filosófica, de crenças, do que baseadas em fatos

Roberto Fonseca
postado em 15/07/2022 06:00
 (crédito: Fotos:NASA/Divulgação)
(crédito: Fotos:NASA/Divulgação)

A ciência viveu um grande momento no início desta semana. A divulgação do primeiro conjunto de registros feitos pelo supertelescópio espacial James Webb é considerada por muitos, e de uma forma quase unânime, como o momento mais importante da astronomia em toda a história. É certo que avançaremos muito na descoberta sobre a expansão do universo, a formação de galáxias, o surgimento de estrelas, entre tantos outros feitos que vão ocorrer nos próximos anos.

Duas imagens, particularmente, me chamaram muito a atenção. A primeira é o campo profundo do universo. É basicamente o telescópio olhando para um pequeno pedaço do espaço, coletando luz fraca e revelando objetos extremamente distantes. Assim, fomos apresentados a uma quantidade incontável de galáxias, algumas das quais existiam há mais de 13 bilhões de anos, e estrelas quando o universo ainda era uma "criança". São infinidades de possibilidades de novos mundos, com a provável existência de elementos químicos que sequer conhecemos.

Assim, voltamos a uma velha questão existencial. Com tantos novos mundos a serem explorados, estamos sozinhos no universo? É uma pergunta em que não há resposta por um simples motivo: a ciência não consegue provar nem negar. Então, vira uma discussão muito mais filosófica, de crenças, do que baseadas em fatos. E ficamos com a tão célebre frase do astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e apresentador norte-americano Carl Sagan martelando na mente: "Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço".

Outra imagem que me deixou fascinado foi a da Nebulosa de Carina. A comparação do registro feito pelo James Webb com o do Hubble, o telescópio espacial anterior, mostra o quão longe podemos ir com a ciência. São tantos novos detalhes mostrados, como o berçário de estrelas, que ainda estamos muito distantes de entender como a natureza funciona em toda a sua plenitude.

Tenho certeza que é um debate que vamos amadurecer com as próximas gerações, afinal, ainda estamos engatinhando na exploração espacial — há menos de 100 anos sequer sabíamos da existência de outras galáxias além da nossa: só em 1924 o cientista Edwin Powell Hubble (que deu nome ao telescópio) mediu a distância da galáxia de Andrômeda e viu que ela estava muito distante e fora da Via Láctea. Os próximos 100 anos serão ainda mais fascinantes. Pode ter certeza.

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