Sem remorsos e sem intrigas

Correio Braziliense
postado em 13/07/2022 00:01

Quase sempre incorrem em erro aqueles que em matéria de discussões e de fatos políticos buscam tirar conclusões apressadas. A ninguém é dado o condão de se colocar como juiz e árbitro, seja no que for, ainda mais quando o que está em pauta são debates acalorados, rixas e todo e qualquer acontecimento havido no mundo político.

Em assunto desse tipo, o mais acertado e sensato é se colocar no papel de espectador silente e desconfiado de tudo, até mesmo da sombra. Não há o preto no branco quando a questão é de cunho político, Tudo nesse campo possui a forma de uma densa fumaça, varrida pelo vento forte. O político, pelo menos no nosso caso, parafraseando o poeta português Fernando Pessoa, é um fingidor.

Finge tão completamente que chega a fingir que é verdade a mentira que lhe escapa por entre os dentes. Não é por outra que o também escritor realista português, Eça de Queiroz dizia com propriedade: " Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão". Ao contrário dos animais domésticos, não se deve adotar político de estimação. Melhor é ficar longe deles, mantendo-o sempre ao alcance da vista.

A situação de antagonismos e de violência vem num crescendo desde 2002, quando o então presidente Lula passou a dividir o Brasil em duas bandas opostas denominadas "nós e eles". Depois dessa estratégica e metodológica de cizânia política que grande parte dos brasileiros, alijada do que seria o "nós", buscou alternativas para não ficar politicamente órfã, principalmente após tudo a que assistiu.

Foi nesse ponto que boa parte da população passou a perceber que todos os valores que mais prezava, como família, ética, propriedade e diversas outras, tão caras e universais à dignidade humana, estavam simplesmente sendo solapadas a partir de seus alicerces, num processo perverso de corrosão social, que visava apenas ao advento do caos e deste para a consolidação de uma ditadura do proletariado, conforme pregado nos longínquos anos 1960 do século passado.

O que se vê hoje em forma de fezes lançadas do céu, bombas de lamas, assassinatos e outras sandices vem na esteira que diz: semear ventos e colher tempestades. Lula de fato acabou trombando com um adversário tão radical quanto ele próprio. Deu no deu. O curioso é que ainda vemos entre nós, a razia vazia das ideologias, como se elas fossem a ponte segura para atravessar a história do país. Como dizia o filósofo Millôr: "As ideologias quando ficam bem velhinhas vêm morar no Brasil". O fato é que o leitor e, principalmente o eleitor, que lê essa coluna desde sua fundação em 1960, pôde perceber que ao longo de todas essas décadas, nunca nos guiamos por arautos da política, sejam eles de que cores forem. Do mesmo modo, nunca nos deixamos iludir por falações e outras verborreicas regurgitadas a esmo. Usamos o cérebro e o sub produto deste que é a razão para guiarmos e enxergar o caminho a seguir.

Num jogo de boliche, o que permite a bola derrubar todos os pinos numa única jogada é, além do fato dela possuir um desenho perfeitamente geométrico e sem arestas, ser lançada com precisão e força bem no centro desses pinos, dispersando-os igualmente para a esquerda e direita, não deixando nenhum de pé. Assim, pensamos nós, deve ser a imprensa, oposição centrada, capaz de atingir, indistintamente, um lado e outro. Sem remorsos e sem intrigas.

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