opinião

Visto, lido e ouvido: Alienação ou desilusão

Essa verdadeira alienação eleitoral, apontada por estudos e que faz do voto obrigatório um escárnio nacional, parece ser um projeto bem pensado por essa elite para incutir na nação a descrença na democracia e seus valores universais

Circe Cunha (interina)
postado em 06/07/2022 06:00
 (crédito:  Crédito: Antonio Augusto/secom/TSE)
(crédito: Crédito: Antonio Augusto/secom/TSE)

Ora, ora, ora. O que estaria por detrás do crescente e perigoso desinteresse dos brasileiros pelo processo eleitoral, conforme demonstrado pelo próprio TSE? Você não precisa ser um eminente cientista social para entender que por trás dessa equação, que pode muito bem dinamitar nossa jovem democracia, esconde-se um quesito básico: a qualidade duvidosa de parte dos nossos representantes políticos.

É nessa flagrante desqualificação moral, ética, administrativa e mesmo política, no sentido exato do termo, que reside todo esse problema e que faz com que mais de um quarto da população venha, a cada eleição, perdendo o interesse pelo mundo político, conforme ele é apresentado hoje ao eleitor brasileiro.

Dizer que nossos representantes têm a cara e a alma dos representados não resolve a questão, pois esse é um fato que diz respeito apenas àquela pequena parcela da população que, nessa altura dos acontecimentos, ainda acredita em políticos profissionais e todas as suas falações ilusórias. São esses eleitores que, como massa de manobra, seguem ainda as caravanas políticas ou atrás desse trio elétrico de papelão, de olho sempre nas migalhas que irão cair das mesas fartas desses líderes de si mesmos.

Essa verdadeira alienação eleitoral, apontada por estudos e que faz do voto obrigatório um escárnio nacional, parece ser um projeto bem pensado por essa elite para incutir na nação a descrença na democracia e seus valores universais.

Melhor do que alienação, conforme mostra o estudo da justiça eleitoral, seria nomear essa pesquisa pelo substantivo "desilusão". É esse o sentimento geral, e nada parece mais apropriado. Desesperador é notar que, enquanto a população vai virando as costas para as eleições e tudo o que ela tem trazido de nefasto, na contramão desse desdém se observa a adesão às urnas, cada vez maior, dos presos e condenados, nos candidatos da esquerda.

Levantamento feito pelo jornal O Globo, ainda em 2019, mostrou que nada menos do que 82,47%, de aproximadamente 920 mil presos, votaram em Haddad, nas eleições de 2018, contra 17% que preferiram Jair Bolsonaro. Se serve de consolo, o pouco caso da população brasileira em relação às eleições e aos políticos é tendência também observada em outros países do nosso continente, principalmente aqueles que foram governados pela esquerda.

Portanto, esse desencanto não é um fenômeno só nosso, sendo comum a todos aqueles que passaram pela experiência de serem governados pela esquerda. Quem provou não gostou e não se esquece. Um momento interessante de volta ao passado é folhear os jornais de 2018 com os resultados das pesquisas e comparar com os nomes dos candidatos efetivamente eleitos. Chega a ser divertido.

Vale o leitor buscar as pesquisas no portal do TSE. As antigas e as atuais. Nas atuais o número de entrevistados é ínfimo. O que são 2 mil pessoas escolhendo um candidato?

O possível retorno da esquerda ao poder no Brasil, conforme querem fazer crer os "insuspeitos" institutos de pesquisas de opinião, é uma prova de que à alienação eleitoral vem se juntar também outros fatores de ordem negativa, como a pouca escolaridade da população, seu grau de dependência assistencialista do Estado, bem como a crença de que governos ditos "populares" são democráticos e, portanto, governam em nome da liberdade e exclusivamente para a população. Nada mais falso do que isso.

Basta observar o que ocorre em países em que eles estão no poder ou para nosso próprio passado imediato.

 


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.