» Sr. Redator

Entrevista

Surpreendente a declaração do Ministro Gilmar Mendes, publicada pelo nosso tradicional Correio Braziliense, segundo a qual "a Lava-Jato é pai e mãe desta situação a que chegamos". Data vênia, Sr. Ministro, o pai e a mãe desta situação a que descemos não seria, verdadeiramente, a corrupção?

Joares Antônio Caovilla,

Asa Norte

Justiça ou injustiça?

É considerado fascismo criticar a prisão imediata do ex-ministro do MEC pelo suposto envolvimento em R$ 50 mil do pastor Milton Ribeiro, enquanto o "cara" da quadrilha envolvido na corrupção totalizando muitos bilhões de reais na Petrobras, só depois de condenado em três instâncias, ficou hospedado num SPA em Curitiba, está limpo também na Lei de Ficha Limpa e lidera a pesquisa presidencial. No Brasil, para a Justiça, é pecado roubar pouco.

Humberto Schuwartz Soares,

Vila Velha (ES)

Devaneios

Um cronista do meu jornal costuma apresentar entrevistas mediúnicas maravilhosas, com expressões da nossa literatura, e eu fiquei pensando que se tivesse tido a oportunidade de conversar com eles, em vida, seria uma decepção total, pois embora a extrema admiração que nutro por eles, eu não teria nenhuma cultura e erudição para isso — eu, apenas, existo e sonho.

Lauro A. C. Pinheiro,

Asa Sul

Biometria no Detran

Após acessar o site do Detran-DF, com vistas ao agendamento da biometria social, agora estendida compulsoriamente para todos os condutores de veículos, consegui agendar tal procedimento para o sábado (25/06/2022), às 10h30. Assim, lá compareci, no horário agendado, com os documentos exigidos para aquele objetivo. Qual não foi a minha surpresa quando o segurança de plantão explicou-me que o procedimento de biometria só é realizado de segunda a sexta-feira. Nada adiantou mostrar o agendamento feito no próprio site do Detran-DF! Que fazer? Reagendei no mesmo site para novo dia, 27/06/2022. Dessa vez o agendamento se fez, mas sem a indicação de horário. Repeti várias vezes o agendamento, mas só constou o dia, sem horário. Será que terei reagendado mais um desserviço do Detran?

Nelson de Oliveira,

Asa Sul

Telemedicina

Poucos contatos humanos são mais reverenciados que o diálogo entre um médico e seu paciente, aquela troca, nem sempre fácil, às vezes francamente tensa, entre o profissional que zela pela saúde alheia e a pessoa que teme estar se aproximando da pior das notícias. Tem sido assim desde que Hipócrates (460 a.C.-377 a.C.), o pai da medicina, intuiu a necessidade de detalhar as doenças de quem o procurava para chegar ao diagnóstico, inicialmente com muita conversa, depois com cuidadosos exames. Desse modo, com variações mínimas, passaram-se séculos. Nos últimos anos, dada a explosão tecnológica que destruiu muitas atividades e inventou outras, abrindo atalhos inimagináveis para a humanidade, também a medicina passou a atravessar aceleradas modificações e, no centro da revolução, está a convivência entre homens e mulheres de jaleco e os enfermos. Ela sempre exigiu o contato pessoal, a presença física no consultório. No entanto, há três anos atrás, o Conselho Federal de Medicina (CFM), o órgão que regula a atividade, autorizou o recurso à telemedicina, ou seja, o uso das inovações eletrônicas e dos meios de comunicação que surgiram com a internet para a prática de uma medicina que já não exige o contato físico. Telos, em grego, raiz da expressão telemedicina, significa distância. E é justamente a distância, o avesso da proximidade, que produz a estranheza. A inexistência do encontro pessoal pode parecer a negação de um princípio básico ensinado em início de carreira, a medicina de qualidade se faz sobre a tríade "ver, sentir e escutar". Conhecer o paciente é essencial. O médico precisa saber da história de vida, da família, dos problemas e frustrações de cada doente que chega ao consultório. Quanto mais empatia houver com o paciente, mais informações ele conseguirá coletar. Será que, com os recursos da inteligência artificial, com a distância física proporcionada pela tecnologia, haverá espaço para uma comunicação completa entre médico e paciente? No entanto, a telemedicina não serve, pelo menos no estágio em que se encontra hoje, para pacientes com queixa de dores abdominais ou para aqueles que precisam realizar exames ginecológicos e urológicos. Muito menos para dar o diagnóstico de um câncer. Com meus respeitos, a medicina virtual dificilmente conseguirá ser tão completa quanto a consulta presencial.

Renato Mendes Prestes,

Águas Claras