Seleções campeãs da Copa do Mundo costumam ter no plantel pelo menos um jogador com talento para retornar ao torneio no papel de técnico.
Personagem dos títulos do Brasil em 1958 e 1962, Mário Jorge Lobo Zagallo virou dono da prancheta nas campanhas do tri, em 1970, e do quarto lugar, em 1974. Ícone da Alemanha na segunda conquista, Franz Beckenbauer jogou de terno na terceira, em 1990, e levou o país à glória na função de técnico. Didier Deschamps fez o mesmo. Vinte anos depois da apoteose da França em 1998, entrou para a história como mentor do sucesso na Rússia, em 2018.
Capitão do tetra em 1994, Dunga tentou acessar o seleto grupo em 2010. Caiu nas quartas de final. Daniel Passarella (1998), Rudi Völler (2002) e Jürgen Klinsmann (2006) também falharam.
Na contagem regressiva para a celebração dos 20 anos do penta no próximo dia 30, lustro a minha bola de cristal na tentativa de desvendar qual integrante da Família Scolari comandará a Seleção Brasileira em uma Copa.
Dos 23 campeões em 2002, quatro tentaram a carreira de técnico: o ex-zagueiro Roque Júnior orientou dois times paulistas — XV de Piracicaba e Ituano. O ex-lateral-esquerdo Roberto Carlos experimentou a profissão no Anzhi Makhachkala da Rússia, no Sivasspor e Akhisarspor, ambos da Turquia, e no Delhi Dynamos, da Índia. O meia Ricardinho levou o Paraná Clube ao título da Série B do Campeonato Paraense e brindou o Santa Cruz com o Pernambucano, em 2015. O volante Vampeta se aventurou no Nacional-SP e no Grêmio Osasco-SP. Kaká se formou neste ano na CBF Academy, porém ainda não encarou a vida como ela é no emprego.
Minha bola de cristal indica que um goleiro reserva de Marcos e Dida na Copa de 2002 pode voltar à Copa, um dia, como técnico da Seleção. Ninguém leva a carreira tão a sério como Rogério Ceni. Não estou bancando que ele será o sucessor de Tite depois do Mundial do Qatar, mas ele pegou senha e está na fila para as edições de 2026, 2030, 2034…
Rogério Ceni é viciado em futebol. Workaholic. Mochileiro, gosta de dar a volta ao mundo e estacionar na Premier League para aprender. Foi vaidoso, sim, ao começar por cima no São Paulo, mas mostrou humildade ao dar passo atrás e evoluir no Fortaleza. Afoito ao trocar o Leão do Pici pelo Cruzeiro. Convicto ao assumir o Flamengo, administrar vaidades em um vestiário de "seleção" e empilhar quatro troféus — Taça Guanabara, Carioca, Brasileiro e Supercopa do Brasil. Em dois anos, ganhou a Série B pelo Fortaleza e a elite no Flamengo.
Melhor time do Brasil e da América do Sul, o Palmeiras tem 42 jogos no ano e quatro derrotas. Duas delas para quem? São Paulo, de Rogério Ceni! Felipão não usou Ceni em 2002. Parreira, sim, em 2006. tirou Dida aos 36 minutos do segundo tempo para colocá-lo em campo nos 4 x 1 contra o Japão. Se há um técnico na Família Scolari, ele é Rogério Ceni.
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