Ameaças
A Justiça Federal anunciou que o juiz que decretou a prisão provisória do ex-ministro da Educação recebeu centenas de ameaças. Assessores do Palácio do Planalto insinuam que a decisão do juiz tem viés político. Pergunto: o patrulhamento ideológico faz parte da democracia bolsonarista?
Flávio Salles,
Park Way
Diferença
Ao vermos notícias que nos envergonham, como a prisão de um ex-ministro por suspeita de corrupção, e ainda a eleição e reeleição de figuras do calibre daquele Senador da República que foi flagrado com dinheiro na cueca, chegamos à conclusão que estas duas figuras públicas têm razão em suas assertivas: primeiro Pelé, ao declarar que o brasileiro não sabe votar, e segundo Winston Churchill, autor desta pérola: "A diferença entre os humanos e os animais é que os animais não aceitam estúpidos para liderar a manada".
Paulo Molina Prates,
Asa Norte
Muito pouco
Muita gente acredita que a prisão do ex-ministro da Educação e pastor Milton Ribeiro, suspeito de corrupção, em parceria com mais três pastores, influenciará o resultado das eleições de outubro. Duvido que esse episódio seja significativo no resultado do pleito. A inegável corrupção com o dinheiro da educação não será determinante para despejar o inquilino do Palácio do Planalto. Há vários outros episódios de corrupção, de afronta à Constituição, como incitamento a ataques às instalações do Supremo Tribunal Federal, ameaça de golpe militar e, o pior de todos, a negação da pandemia e o adiamento da compra de vacinas, a ponto de, hoje, haver cerca de 700 mil morte. Isso, sem contar com o esquema de propina que rolou no Ministério da Saúde, sob o comando de um general radicalmente incompetente, para a compra dos imunizantes. Desde 2019, não faltaram motivos para romper o contrato de locação e e forçá-lo a mudar de residência, cedida por cerca de 57 milhões de votos. De lá pra cá, a lista de atos e decisões contra a sociedade é quilométrica. O governo dele, indiscutivelmente, é mais danoso aos brasileiros desde da redemocratização. Mas os cidadãos não reagem. Lembro-me que o reajuste de R$ 0,20 na tarifa de transporte público desencadeou uma onda de protestos contra a então presidente Dilma Rousseff até que ocorre o impeachment. Não será uma negociata entre pastores, fazendo valer o padrão "pequenas igrejas, grandes negócios", que comprometerá a imagem cheia de nódoas de um capitão insensível e incompetente. Isso é muito pouco.
Gilberto Neves,
Lago Norte
Tiro no pé
A colunista Circe Cunha tem uma escrita impecável e, bem a propósito, à direita de quem vai — ou vem. Logo no dia de mais um tiro no pé do ex-ministro e ex-pastor, a afiada jornalista cita, piamente, o versículo vaidade das vaidades, é tudo vaidade. Nem tudo é mera vaidade. É, sim, expropriação, para evitar palavras mais incisivas. É uma direita que não age direito. Todo dia, toda hora, mais notícias de compadrio, desvio de verbas, orçamento secreto, cartões sob sigilo. Mortes e mais mortes, gente soterrada, mas não esquecida. Tudo isso causa aflição de espírito, mas apenas de um lado, que ela deseja clarear em outubro. Para a direita, é claro. Não é simples ódio, como alega; é mais, muito mais: é prevaricação, enquanto zé-povinho se arrasta na lama da fome e dos altos preços dos alimentos. A chamada direita, que vem-se endireitando desde os anos sombrios da ditadura, quer convencer a população de que tem boas intenções e que haverá boas ações. Deus está vendo: ministro-pastor preso [até que enfim!] reincidente no erro. Justiça cega no caso Damares contra a infância. E mais, muito mais. Como seria bom uma ampla distribuição de óculos para miopia!
Thelma B. Oliveira,
Asa Norte
Tragédia
O Hospital Universitário da UFSC comunicou que procedeu ao aborto em uma menina de 11 anos. Relembrando o triste caso, ela foi estuprada e estava com 29 semanas de gestação. Ou seja, o feto tinha sete meses e uma semana. Não houve aborto; houve assassinato. Conseguiram agravar uma tragédia por meio de outra tragédia. "Solucionaram" as consequências de um crime, por meio de um crime mais gravoso.
Milton Córdova Junior,
Vicente Pires