Diversos estudos científicos corroboram a evidência de que as doses de reforço reduzem o risco de morte por covid-19. Um estudo do Ministério da Saúde, por exemplo, mostra que a vacina reduz em até nove vezes o risco de complicações graves e de óbito pela doença. Mesmo diante de nova alta de casos de coronavírus no país, muita gente ainda negligencia esse cuidado. Hoje, mais de 22 milhões de brasileiros não tomaram a segunda dose da vacina contra o coronavírus; e nada menos que 62 milhões não foram imunizados com a primeira dose de reforço.
No momento atual, a proteção extra chegou à quarta dose para quem tem 40 anos ou mais. É imprescindível que a população adulta esteja com o ciclo vacinal em dia. Sobretudo os mais velhos, como atesta o mais recente boletim do Núcleo de Inteligência Médica do HCor (antigo Hospital de Coração). O estudo — que comparou 2.277 internados com covid-19 entre 2020 e 2021 com os 423 hospitalizados em 2022 — aponta uma mudança no perfil dos pacientes neste ano. Se no início da pandemia até o ano passado, a idade média deles era de 61,7 anos, agora é de 71.
Além do acréscimo de quase uma década na idade, o levantamento do HCor constatou outra alteração no perfil dos internados: 91,9% deles apresentam três ou mais comorbidades. Esse percentual, até o ano passado, era de 64,4%. Os autores do boletim destacam ainda o fato de os pacientes com menos comorbidades terem praticamente sumido do hospital. Também observam que, apesar de os internados terem um perfil de risco mais elevado, houve queda de 37,1% para 29,1% no número dos que precisaram de UTI; e de 8,3% para 5,2%, nos dos que necessitaram de ventilação mecânica.
Entre os médicos que participaram do estudo, não há dúvida: essa redução nos índices de gravidade da doença está ligada à vacina. É a mesma percepção compartilhada por pesquisadores responsáveis pelos boletins Observatório Covid-19 e Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A cada estudo divulgado, eles insistem na importância de a campanha de imunização ser ampliada e intensificada. Também reforçam a eficácia do uso de máscara em locais fechados e em ambientes onde haja aglomeração.
Nas últimas semanas, o número de infecções vem crescendo em todo o país, movimento associado a uma quarta onda de covid-19 no país. Os casos são impulsionados pela ômicron e suas subvariantes, muito mais contagiosas. Também registra-se crescimento no número de mortes e de internações, mas de forma menos intensa que o de casos da doença. Há, entre os especialistas, quem sustente que a diminuição nos óbitos deve-se mais ao avanço da imunização no país do que a uma menor letalidade da ômicron.
Segundo dados do painel do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, o Brasil registrou ontem 50.272 casos de covid-19, elevando a média móvel de sete dias para 36.775 infecções, uma alta de 18% em relação a duas semanas antes. Em relação aos óbitos, 96 pessoas perderam a vida em decorrência da doença. Com isso, a média móvel chegou a 140 mortes, o que representa um salto de 87% na comparação com 14 dias atrás. Se você está entre aqueles com o calendário vacinal atrasado, não desdenhe da ciência: vá ao posto de saúde mais próximo e tome a dose que falta. Proteja sua vida.