Pairam hoje sobre a cabeça dos brasileiros todos os elementos possíveis capazes de encadear a maior e mais temível tempestade que já assistimos. A previsão, dos meteorologistas políticos é de que a convergência de todos esses elementos negativos venha despencar sobre um ponto geográfico e simbólico específico, a Praça dos Três Poderes antes e depois das eleições.
Sabedores dessa possibilidade malfazeja, os ministros do Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional se anteciparam e decidiram, em reunião, adotar medidas de proteção e reforço da segurança do local. As medidas extraordinárias valerão não só para o 7 de Setembro, mas poderão se estender até depois das eleições.
Antes de tudo, é preciso entender que as providências contarão até com o apoio das Forças Armadas, ao abranger, especificamente, a tão famosa praça, ante o seu caráter simbólico. Ali estão as sedes dos Poderes da República, o que ocorre no local tem consequências para toda a nação.
Fossem esses os únicos problemas que temos pela frente, todos poderiam ser facilmente resolvidos. Ocorre que há outros elementos com potencial para desencadear uma gigantesca crise institucional concentrados, em grande quantidade, sobre nós.
A dificuldade da Petrobras, com relação à variação crescente dos preços dos combustíveis, é outro elemento negativo que ameaça ter um desfecho perturbador da ordem. A disparidade de preço mundial, ao catalisar para cima os gráficos da inflação, cria um ambiente de tumultuo e agitação tanto no mercado quanto na sociedade, que poderá ser ainda mais danoso caso os caminhoneiros decidam uma paralisação em âmbito nacional.
Fosse esse também o único elemento nebuloso a pairar sobre a nação, a economia poderia encontrar saídas provisórias, até que os preços dos derivados de petróleo estivessem estabilizados. Esses elementos se juntam àqueles de características político-partidárias semelhantes, representados pela extrema e crescente polarização da campanha eleitoral. Trata-se de um fator deveras perturbador e capaz de levar à uma conflagração imprevisível. Não há, vis a vis, a discussão de programas de governos, somente ataques e ameaças, o que é ruim para a democracia.
Por outro lado, a pandemia do coronavírus ainda não arrefeceu e ameaça retornar. A guerra, sem fim, que Putin envolveu todo Leste europeu e que poderá se estender para outros países, ao desestabilizar aquele continente, lança seus reflexos malignos sobre todo o mundo. Um planeta, ao que se sabe, ameaçado pelo aquecimento global e pela fome que se alastra. Não precisamos sequer sair de nosso país para darmos de cara com crises tamanho família.
Na Amazônia, os crimes persistem, cada vez mais, com maior intensidade. O desmatamento aumenta, a grilagem de terras se sucede, os garimpeiros invadem os territórios indígenas, transformando toda aquela imensa região em terra de ninguém. Os traficantes de armas, drogas e minerais, do Brasil e dos países vizinhos, estabelecem verdadeiros enclaves, controlados nos moldes de guerrilha, aterrorizando as populações locais.
O governo não tem, como fica provado, o total controle das situações e da região. Temos ainda nossa guerra particular e até civil, no combate diário envolvendo a polícia e as organizações criminosas, com dezenas de milhares de mortos a cada ano. Não bastasse esse céu carregado de grossas nuvens cinzentas, as múltiplas ameaças de golpes, vindas de toda a parte, até daquelas instituições que deveriam cuidar da paz e da harmonia, fazem crescer o temor de que a tempestade se transforme num furacão a varrer todos, inclusive aqueles que mais torcem por sua chegada.