Golpe
Começou a reexecução do golpe, novamente na vizinhança do Sete de Setembro, dia de parada militar. Agora, o Ministério da Defesa deseja ser juiz do processo eleitoral — talvez se contente com o papel de corregedor. Na carona, o Ministério da Justiça assume a vocação policial de seu ministro. Juízes, mesmo que o chefe maior de ambos seja candidato — ou por isso mesmo. Não seriam suspeitos? Jamais.
A.C. Scartezini,
Lago Sul
País partido
Os partidos de direita estão do lado do capital e do status quo. Os partidos de esquerda, por sua vez, estão do lado do trabalho e da revolução. A luta de classes existe e se impõe como linha de batalha entre burgueses e operários. O topo e a base são adversários históricos. Nossa tradição conciliatória comporta-se como cúmplice do quadro social discriminatório, preconceituoso e desigual que vigora no Brasil, desde as amarras coloniais da formação nacional. Fala-se muito no sucesso da miscigenação racial, mas o modelo Casa-Grande & Senzala continua funcionando como paradigma racista em nosso país. A mentalidade senhorial subalterniza os oprimidos, mesmo com o advento da Abolição da Escravatura. Não esperemos do setor dominante alguma atitude de inteligência e de bondade. Inimigos da crítica e da autocrítica ocupam o poder, promovendo ditaduras e calando democracias. "É preciso aprender que todas as lutas emancipatórias são estruturantes na reinvenção da democracia e da política de que precisamos. Já é passada a hora de superarmos a divisão entre lutas estruturantes e lutas identitárias emancipatórias. Isso só tem causado mais fraturas no campo democrático"— advertem Nilma Lino Gomes e Isis Silva Roza, em artigo publicado no livro Narrativas de (re)existência: antirracismo, história e educação (2021).
Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Estado de direito
O general Sylvio Frota, ministro do Exército, achava que o presidente Ernesto Geisel, sob o qual servia, era de esquerda. A ditadura já havia vencido o desafio da luta armada, tinha no Ato 5 instrumento para deixar a oposição parlamentar de joelhos, mas Frota identificava o perigo esquerdista-comumista até dentro do aparelho estatal. Num famoso rompante, ele propagou a lista de 96 comunistas a ocupar cargos públicos. No entanto, escreve Frota em seu livro de memórias, "o general Ernesto Geisel nenhuma providência tomou, o que não constituiu surpresa para mim, que sabia de seus pendores esquerdistas". Em julho de 1977, numa tensa audiência, em que Frota reclamava de o governo não reprimir como devia manifestações de estudantes, ele julgou ter ouvido de Geisel a seguinte afirmação: "E... tu sabes perfeitamente que eu não sou infenso às esquerdas". Frota, que defendia a dureza e a repressão, e Geisel, que se empenhava no que era chamado de "abertura" do regime, protagonizaram um dos confrontos mais agudos do período militar. A vitória de Geisel garantiu a sobrevivência do projeto de abertura e facilitou o processo de redemocratização, que hoje o Brasil vivencia com o Estado de direito. No entanto, esse Estado, infelizmente, está sendo judicializado, ostensivamente e claramente, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com medidas e decisões estapafúrdias e esdrúxulas.
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
Repensar Brasília
Entendo que repensar o DF e Brasília deveria ser uma prioridade nacional! Trata-se da capital do país, onde estão as embaixadas estrangeiras e tudo que aqui acontece tem repercussão nacional e internacional. Outrossim, creio que, com a ocupação das terras e crescimento populacional desordenados do DF e do Entorno, Brasília já está no sinal vermelho quanto à segurança pública da sua população. Isso posto, talvez fosse o caso de o governo federal assumir a total sustentação financeira de Brasília, com um controle eficaz da aplicação dos recursos. Mantendo-se os atuais repasses de recursos para serem utilizados apenas nas outras cidades do DF. Finalmente, quero dizer que estou propondo apenas um convite para pensar. Antes de chegarmos à situação da ex-capital do país Rio de Janeiro.
Domingos Sávio de Arruda,
Asa Norte