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Visão do Correio: O emprego volta a crescer

Uma semana depois de a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrar queda na fila de desemprego no primeiro trimestre deste ano — o número de pessoas ocupadas chegou a 96,5 milhões, o maior desde o início da série histórica, em 2012 —, o Ministério de Trabalho e Previdência anunciou ontem outra boa notícia nessa seara: o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que o país fez 196.966 contratações com carteira assinada em abril. Os salários ainda não reagiram à altura como todos gostariam. Mas os novos postos de trabalho, na atual conjuntura, já são um avanço e tanto.

Assim como a Pnad-Contínua surpreendeu analistas de mercado, o Caged também trouxe dados bem melhores do que os previstos por esses especialistas. O Brasil abriu 196.966 empregos formais em abril, ficando acima tanto na comparação com março (88.145) quanto em relação a abril do ano passado (89.538). No total, houve 1,85 milhão de contratações e 1,66 milhão de desligamentos. O resultado é que o saldo positivo do ano subiu para 770.593 — apesar de ter ficado abaixo do mesmo período de 2021, quando o superávit foi de 894.664 vagas criadas.

Como havia ocorrido com a Pnad-Contínua, a abertura de postos de trabalho identificada pelo Caged em abril foi impulsionada pelo setor de serviços ( 117.007 vagas), com destaque para as áreas de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas ( 39.610) e administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais ( 30.415). Além disso, houve mais contratações do que demissões no Comércio ( 29.261), na construção ( 26.378) e na indústria (25.341). O dado negativo ficou com o grupo Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que encerrou o mês com 1.021 empregos a menos.

Num olhar abrangente, do cenário nacional, vemos que o Caged aponta saldo positivo de contratações em todas as cinco regiões brasileiras: Sul, com 25.598 novo postos de trabalho (alta de 0,32% na comparação com o mês anterior); Sudeste, com 101.279 (0,48%); Centro Oeste, 25.598 (0,72%); Norte, 12.023 (0,62%); e Nordeste, 29.813 (0,45%). Em relação às unidades federativas, São Paulo abriu 53.818 novos postos (0,42% a mais, na comparação com março); seguido do Rio de Janeiro, com 22.403 postos (0,69%); e de Minas Gerais, com 20.059 postos (0,46%).

À primeira vista, quando se olha para os dados do Caged de abril, a impressão é de que sinalizam para um início de um segundo trimestre promissor a ser confirmado pela próxima Pnad. Vale destacar, contudo, que as duas pesquisas têm metodologias distintas. As informações do Caged são obtidas de empresas e dizem respeito a contratações e demissões de pessoas com carteira assinada feitas pelo setor privado, enquanto as da Pnad-Contínua são coletadas pelo IBGE por meio de pesquisa domiciliar e abrange também o mercado informal de trabalho.

Por essa razão, apesar de alguns pontos em comum, os dois levantamentos não podem ser comparados. O fato é que ambos — Caged e Pnad — parecem desconcertar analistas de mercado, que têm errado sistematicamente as previsões. A favor deles, ressalve-se, a quantidade de eventos adversos a desafiar prognósticos otimistas. Afinal, não deve ser fácil apostar na criação de empregos em meio a ao vaivém de uma crise sanitária sem precedentes, uma guerra que mexe com a economia mundial, juros em alta e inflação que não dá sinais de trégua. Ainda bem que eles têm errado feio nas contas.