É bom que os antigos paladinos da Justiça, em sua grande maioria, composta pelas equipes que fizeram parte da força tarefa da Lava-Jato, providenciem, o quanto antes, meios de colocarem as barbas de molho, de preferência, por meio da urnas, nas próximas eleições, elegendo-se para os cargos de deputados, senadores ou seja lá o que for. Importa aqui que eles obtenham algum tipo de prerrogativa de foro ou blindagem política. A outra opção é evadir-se do país, buscando refúgio em outras nações.
A questão é simples: o aparelhamento da Justiça, principalmente nas altas Cortes, ganhará ainda mais fôlego e audácia, com um possível retorno do ex-presidente Lula e de todo o seu grupo, conforme indicam as pesquisas de opinião.
Depois de ter feito parceria com o presidente Bolsonaro, que lhe daria carta branca para agir contra a praga secular da corrupção, o ex-juiz Sergio Moro, um neófito nas artimanhas da política, abandonou a magistratura e foi varrido pelos ventos da suja política nacional. Caiu numa espécie de desgraça, sendo perseguido pela esquerda e pela direita.
Do mesmo modo, um a um dos antigos protagonistas da Justiça, que atuaram contra os poderosos corruptos, vão sendo colocados na alça de mira de uma Justiça totalmente descredibilizada e partidarizada. O retorno do demiurgo de Garanhuns, promete mais uma saraivada de balas contra os membros dessa antiga força-tarefa. Não há quem possa defendê-los, nem de um lado nem do outro.
O Congresso, ao qual deveria caber a tarefa de tomar para si o combate à corrupção, há muito lavou as mãos, uma vez que muitos de seus membros estão atolados em suspeitas nessa e em muitas outras operações da Polícia Federal. O Ministério Público, que foi saudado como a grande esperança de justiça e de correção dos rumos do Estado, depois da redemocratização, não consegue agir em todas as dimensões.
Mesmo os órgãos de fiscalização das movimentações de dinheiro estão sob domínio das forças políticas, que estenderam seus tentáculos para outras repartições públicas, como o Tribunal de Contas da União e dos estados, todas igualmente dominadas por grupos políticos. Não há espaço para a atuação e desempenho da Justiça, como todas as brechas para a realização de operações contra a corrupção, foram vedadas.
A população, que a tudo assiste, entre inerte e sem esperança, a essa altura dos acontecimentos, percebe que as eleições de outubro próximo, pelos caminhos traçados pelos poderosos, tornou-se um jogo de carta marcada, servindo apenas para selar o destino malfazejo.
Em outubro, milhões de brasileiros entrarão cegos para o labirinto, sendo, desta feita, perseguidos não por um minotauro, mas por dois desses seres com corpo de homem, cabeça e cauda de touro. Um deles virá pela porta de entrada e o outro, pela porta de saída.