OPINIÃO

Visão do Correio: "Cautela com a covid-19"

Correio Braziliense
postado em 26/06/2022 07:00

Muitos brasileiros se perguntam: será que a covid-19 nunca mais nos dará uma trégua? No mais recente Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vislumbra-se uma possibilidade de interrupção no aumento do contágio pelo Sars-Cov-2, o vírus da doença. Ao analisar dados das primeiras semanas de junho — mais precisamente, até o dia 20 deste mês —, pesquisadores da fundação indicam que o país passa por uma possível interrupção na tendência de alta dos casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag). Um quadro que, avaliam, sugere a formação de um platô. Mas alertam que deve ser visto com cautela.

E qual o motivo da cautela? Eles apontam para o último feriado prolongado, entre 16 e 19 de junho. Nessas datas, muita gente viajou e participou de festas e outros tipos de aglomeração, o que pode ter impacto relevante nos registros das próximas semanas. Diante desse fato, cientistas da Fiocruz concluíram que é necessário aguardar as atualizações dos próximos dias para confirmação do cenário. Divulgado na última quinta-feira, o Boletim Infogripe inclui dados referentes às primeiras semanas de junho.

Numa análise mais detalhada do levantamento, observa-se que o crescimento dos casos de vírus respiratórios está ligado sobretudo à covid-19, que responde por 80,6% dos resultados positivos diagnosticados nas últimas quatro semanas epidemiológicas. Em seguida, vêm o vírus sincicial respiratório (VSR), com 9,9%; a influenza A, com 3,2%; e a influenza B, com 0,2%. Em relação às pessoas que perderam a vida em decorrência desses mesmos vírus, a predominância do coronavírus é ainda maior, com 94% dos resultados positivos. Na sequência aparecem o VSR (2%), a influenza A (1,8%) e a influenza B (0,3%).

Nesse período, constatou-se tendência de queda na ocorrência de doenças respiratórias entre crianças na faixa etária até 9 anos. No grupo de até 4 anos, os diagnósticos positivos foram associados principalmente ao VSR, embora os pesquisadores tenham constatado presença relevante de Sars-Cov-2 (covid-19), rinovírus e metapneumovírus.

Em nota técnica, no dia seguinte à divulgação do Infogripe, cientistas da Fiocruz defenderam a manutenção das atividades presenciais nas escolas, mesmo ressalvando que o contexto atual ainda é de pandemia. Por isso, enfatizaram a necessidade de afastamento de casos positivos e de sintomáticos respiratórios. Destacaram, ainda, que a comunidade escolar deve dispor de testes para covid-19 e dê prioridade à vacinação dos trabalhadores da educação, com doses de reforço.

"Decorrido todo este tempo de convivência com períodos de maior ou menor transmissão do Sars-CoV-2, pode-se afirmar que as atividades presenciais nas escolas não têm sido associadas a eventos de maior transmissão do vírus", afirmaram os pesquisadores. Eles observaram que a detecção de casos em ambiente escolar não significa necessariamente que a transmissão ocorreu no estabelecimento de ensino. A maioria dos contágios, atestaram, ocorre fora. "Nesse sentido, a experiência atual, comprovada por estudos científicos de relevância, revela disseminação limitada da covid-19 nas escolas", disseram.

Na nota técnica, além de destacar a importância da vacinação, a Fiocruz chamou a atenção para as consequências e prejuízos pedagógicos e psicossociais que foram impostos aos estudantes pela pandemia. E sustentou que, no momento atual, não são recomendadas novas interrupções. Os pesquisadores da fundação voltaram a enfatizar, porém, os cuidados que devem ser tomados, sobretudo no inverno. "Assim, atenção especial à ventilação dos ambientes, higiene das mãos e uso de máscara nos sintomáticos leves devem ser incentivados. Essas medidas são importantes para todas as viroses respiratórias", recomendaram.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.