» Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 13/06/2022 00:01

Podas de árvores

A Neoenergia, sucessora da CEB na sua privatização, segue os seus passos no que havia de pior. Falta de compromisso com a boa governança, com a responsabilidade social, ambiental e, sobretudo, com os consumidores dos seus seus serviços. É só acompanhar pela mídia as reclamações. As respostas às demandas são tardias e inócuas, quando ocorrem. Aqui, vai mais uma. No SCLRN 715, fizeram uma poda, para supostamente proteger a linha de transmissão de energia, que deixou árvores tortas, desequilibradas e mutiladas. Um tamarindeiro, por exemplo, teve tronco e galhos cortados com mais de cinco metros de distância dos fios, medida sem qualquer embasamento técnico, demonstrando o desprezo da companhia pelo meio ambiente, pelo urbanismo e pela cidadania. Depois dizem que há acompanhamento de engenheiro florestal na operação. Quem está em local errado são as linhas da Neoenergia, pois que, pelo plano original de Brasília, deveriam ser subterrâneas nesse local. Alô, Ministério Público, aja! Deixem as árvores em paz e cumpram o tombamento do Plano Piloto.

Humberto Pellizzaro,

Asa Norte

Crime de lesa-pátria

O governo está privatizando a Eletrobras. O pretexto é que ela não tem sido bem gerida e é usada com fins políticos, enriquecimento ilícito e até ajuda a países "amigos". É preciso ter claro que a empresa é um patrimônio nacional, construída, durante décadas, com recursos do Estado e dos consumidores. Isso não impede sua venda, mas traz parâmetros essenciais para essa privatização: 1. pressupõe que a venda desse patrimônio seja feita com transparência e rigor financeiro e contábil absolutos; 2. política e ética de que recursos da privatização sejam usados para os fins a que essa empresa foi criada: expansão e melhoria da iluminação do país. Há décadas, brasileiros pagam, nas contas de luz, valores adicionais para custear "escassez hídrica", ou compensar custos mais elevados de usinas termelétricas. É energia caríssima e poluente. Usar recursos da Eletrobras para incentivar a produção de energia eólica e solar nessas áreas, nos livrando dessas usinas e de tarifas adicionais, seria prioridade absoluta. Isso é o que faria um governo sério e responsável. A privatização é total absurdo e insanidade. É crime de lesa-pátria.

Ricardo Pires,

Asa Sul

Glocalização

Globalização, segundo Jorge Amado (1912-2001): "Entretanto, aquela francesinha que conhece o mundo todo, que já teve casa de rendez-vous em Pequim, já foi amante de pretos na Colômbia do Cabo e ganhou dinheiro em Monte-Carlo, julga que viaja para um país chamado Buenos Aires, que tem por capital o Brasil, uma cidade onde a população anda de tanga. E posso lhe afirmar, senhor bispo, que ela vai até lá exatamente para poder andar de tanga, pois é primitivista" (O país do carnaval, 1931). Vivemos numa época marcada pela convivência tensa entre duas tendências aparentemente opostas: de um lado, o historicismo — entendendo essa categoria no seu sentido específico de respeito rigoroso às diferenças históricas e culturais —, do outro, a dissolução das fronteiras nacionais e a implantação do capitalismo na sua fase de globalização e internacionalização do capital. Entretanto, podemos colher inspiração e fundamento para propor um conjunto de sete princípios — identidade, amor à humanidade, informação, escolha, hospitalidade, solidariedade, transcendência —, que podem contribuir para a construção de uma globalização de rosto humano. A glocalização consiste em promover uma cultura de relação com o mundo todo, não perdendo a referência à nossa inscrição de origem. A glocalização é precisamente o que garante o ponto de equilíbrio da globalização de rosto humano a partir de uma formação do "homem todo e de todo o homem", no dizer do padre jesuíta Manuel Antunes (1917-1985).

Marcos Fabrício Lopes da Silva,

Asa Norte

Tiro no pé

O deslumbramento e a ânsia pelo poder secam os neurônios. Perdido, no mato sem cachorro, o PSDB pensou (êpa, vá lá, vá lá) que dando rasteira em João Dória estariam resolvidos os dramas do partido. A agremiação continuaria forte e altaneira. Logo encontrariam candidato próprio para disputar a Presidência da República. Tiro no pé. Na prática política, a teoria é outra. O jeito foi o PSDB aceitar, esboçando sorriso amarelo e otimismo, voltar ao jogo, como vice na chapa da senadora Simone Tebet. Não é nada, não é nada, não é nada, não é nada mesmo. Nem o PSDB nem o MDB estão completamente convencidos da sobrenatural união. Tebet permanece nas pesquisas batendo como marisco nas rochas, bailando e flertando com 3%. Vai acabar, melancolicamente, conhecida como nota de três reais.

Vicente Limongi Netto,

Lago Norte

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