A campanha nacional de vacinação contra gripe e sarampo teve de ser prorrogada. Agora, o prazo é 24 de junho para que grupos prioritários sejam imunizados — entre os quais, crianças de 6 meses a menos de 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias). E por que o prolongamento? Porque ficamos bem longe de cumprir a meta. A dose contra o sarampo, que deveria alcançar cerca de 13 milhões de meninos e meninas, estava na casa dos 31%. A da gripe tinha de ser aplicada em 80 milhões de adultos e crianças, mas pouco mais de 34% se imunizaram.
É preocupante que o brasileiro esteja abrindo essa brecha para doenças. Não só em relação à gripe e ao sarampo, mas a outras, cujas metas de imunização não têm sido atingidas. Caso da poliomielite, uma enfermidade das mais cruéis. Além do potencial de deixar paralíticos meninos e meninas, pode causar a morte, com a paralisação dos músculos da respiração. Mesmo assim, nossa cobertura vacinal não consegue a adesão necessária, e esse horror corre o risco de voltar ao país. Logo o Brasil, um exemplo mundial de vacinação, está baixando a guarda e se arrisca a permitir o retorno de moléstias erradicadas.
Há alguns fatores que contribuem para o relaxamento ou a resistência, como a percepção de que essas doenças não são perigosas, as fake news sobre imunizantes e o movimento antivacina. Vimos agora, com o advento da pandemia da covid-19, como agiram, inclusive, autoridades públicas: o negacionismo, a demora na compra de imunizantes e a tentativa de demover a população a se vacinar. Em vez das doses, pregaram o uso de medicamentos ineficazes contra o vírus. Quantas pessoas pagaram com a vida o preço por dar ouvidos a orientações criminosas?
Outro elemento a explicar a baixa adesão às vacinas é a falta de uma divulgação ampla sobre as campanhas de imunização. Há alguns anos, sempre que havia um chamamento nacional à vacinação, todos ficavam sabendo, tamanha era a difusão. Isso agora minguou.
Em meio a tanto desestímulo e sabotagens, faço um apelo a pais ou responsáveis: não se deixem contaminar pelas mentiras sobre vacinas. Levem as crianças para receber a blindagem que os imunizantes oferecem. Eles são seguros e eficazes, atestados por autoridades de saúde do mundo inteiro.
O artigo 14, parágrafo 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, não deixa dúvidas: "É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias". Portanto, a proteção de meninos e meninas contra doenças é um direito deles, e um dever da família e do Estado.
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