JOSÉ RICARDO RORIZ COELHO - Presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria de Material Plástico, Transformação e Reciclagem de Material Plástico do Estado São Paulo (Sindiplast)
Maio chegou ao fim com a Semana da Indústria, que selou uma excelente ocasião para refletirmos sobre a economia circular, um novo modelo de conceber, fabricar e comercializar produtos, a fim de garantir o uso consciente e a recuperação inteligente dos recursos naturais. Ela promove novos modelos de negócio que privilegiam insumos mais duráveis, reduzem a dependência de matéria-prima virgem e priorizam fontes de energia sustentáveis. Para que isso seja possível, desenvolve novos materiais e dá grande ênfase ao redesign, à reutilização, à remanufatura, à reciclagem e à gestão de resíduos.
Ao substituir o conceito de fim de vida da economia linear por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação em um processo integrado, a economia circular é fundamental para promover a dissociação entre o crescimento econômico e o aumento no consumo de recursos, relação até agora vista como inexorável. É possível fazer mais com menos.
A quarta revolução industrial, ou indústria 4.0, se baseia na transformação digital, simbolizada pela combinação de tecnologias inovadoras, como a internet das coisas, a inteligência artificial e a robótica, bem como a cibersegurança, a computação em nuvem e a análise de dados, o que resulta em novas soluções que aumentam a produtividade e conectam o mundo da indústria tradicional ao mundo virtual. Graças a essas tecnologias, as quais permitem a digitalização de processos, produtos e serviços, a indústria 4.0 tem um papel decisivo na transição da economia linear para a economia circular.
Tendência global e inevitável, a economia circular envolve todas as cadeias produtivas, de todos os setores da economia até o consumidor, e causa um impacto positivo nos três pilares da sustentabilidade — econômico, social e ambiental. Fator cada vez mais utilizado como critério de análise — da sustentabilidade do negócio ao impacto que a empresa tem na sociedade e no meio ambiente —, o ESG (governança ambiental, social e corporativa) está intimamente ligado à economia circular. Ao fomentar a transformação digital, a indústria 4.0 favorece iniciativas ESG, pois a empresa assume o papel de ator social, exerce responsabilidade socioambiental e atende às expectativas de um consumidor cada vez mais consciente e exigente.
A iniciativa privada, incluindo a indústria de transformação, tem o compromisso de promover a economia circular e de incluir o assunto na estratégia das empresas. Durável, reciclável e presente em mais de 95% da matriz industrial, o plástico é um produto bastante apto para a implementação da economia circular, que exige novas aplicações do material.
Assim, a cadeia do plástico realiza ações e projetos para intensificar a busca por novos modelos de negócio dentro da economia circular, como a gestão de resíduos, o redesign e a reciclagem. Esse é um exemplo a ser seguido por outros setores da indústria para acelerar a adoção desse novo modelo de economia alinhado à sustentabilidade.
A situação emergencial provocada pela pandemia de covid-19 mostrou que a transição para a economia circular é um desafio que deve ser encarado como prioridade por todos os atores econômicos, agindo em conjunto. E, no caso do Brasil, é plenamente possível afirmar que, se esse modelo for aplicado de forma consistente pela maioria das empresas, elas próprias poderiam contar com matérias-primas renováveis ou obtidas a partir do reaproveitamento de outros materiais, o que possibilitaria à indústria, por exemplo, não trabalhar com a escassez de insumos que vemos hoje. Chegou a hora de a indústria mostrar o que aprendeu com os desafios impostos pela emergência sanitária, com as inovações tecnológicas e com o que desenha para o futuro.
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