VIOLÊNCIA

Artigo: Por Rhuan Maycon

Cida Barbosa
postado em 26/05/2022 06:00
 (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
(crédito: Reprodução/Redes Sociais)

O nome dele era Rhuan Maycon. No último dia 20, teria completado 12 anos. Mas não lhe deram essa chance. Foi tirado deste mundo muito antes, de forma perversa e brutal, como só a raça humana, em sua infinita maldade, é capaz de fazer.

Rhuan descansa em Deus há quase três anos. O mesmo Deus que, talvez um dia, nos permita saber por que esse garotinho teve de sofrer tanto, por que a vida reservada a ele foi praticamente só dor e medo. Por quê?

Criança merece e precisa daquele amor que parece transbordar da gente, de tão imenso que é. Precisa de colo, principalmente quando está triste ou com medo, precisa daquele abraço que transmite segurança, que diz "estou aqui para você, vai dar tudo certo". Rhuan não teve direito a nada disso. No seu mundo solitário, só conheceu desamparo e tristeza.

O garotinho, descrito como calado e quieto, era vítima do ódio descomunal da própria mãe simplesmente por existir. Em silêncio, suportava uma rotina de pavor. Sofria constantes abusos físicos e psicológicos. Não podia brincar, não ia à escola.

O horror na vida dele chegou ao inimaginável. Teve pênis e testículos cortados pela criatura maligna. Enfrentou o martírio sem receber atendimento médico. Por complicações da mutilação, sentia dores lancinantes ao urinar. Como pode uma criança ser submetida a tamanho suplício? Por que ele teve de passar por tudo isso?

A barbárie final foi planejada e levada a cabo em 31 de maio de 2019. Totalmente indefeso, Rhuan dormia quando recebeu a primeira facada. Seguiram-se outras. Foi degolado ainda vivo. A homicida, com ajuda da comparsa, esquartejou o corpo e queimou partes dele. Disse, em depoimento à polícia, que o cheiro da carne queimada "era bom". O próprio mal na forma humana.

Alcançado assim pela covardia e pela crueldade extrema, Rhuan se foi, aos 9 anos. Agora, está em paz, acolhido por um amor intenso e infinito. A fé que tenho me dá essa convicção. Ele não precisa das minhas lágrimas, não precisa da sufocante tristeza que sinto só de lembrar seu nome. A necessidade é minha de que ninguém esqueça desse garotinho e de como a sordidez humana o tirou deste mundo. É como se devêssemos a ele manter essa memória viva, nem que seja a cada mês de maio.

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