Com ou sem eleições, o fato é que, dentre as lideranças políticas deste país, incluídos nesse rol todos os candidatos que aí estão se apresentando para o pleito de outubro deste ano, não parecem reunir condições ou capacidade de deter o quadro de decadência institucional do Estado brasileiro.
Os eleitores que, em tese, deveriam caber a capacidade de mudar os rumos do país, seguem indiferentes, como bois rumo ao matadouro. Não se iludam, as eleições nada mudarão no dia a dia dos brasileiros. A inflação continuará aumentando e a corrupção dentro da máquina do Estado e que está na raiz de todos os nossos problemas permanecerá da mesma forma ou talvez com mais intensidade. Também a indiferença dos políticos e dos altos escalões da República, com todos os seus privilégios e mordomias e toda a sua capacidade de manterem-se imunes às leis, continuará ou, quem sabe, ganhará ainda mais fôlego.
As injustiças sociais e a concentração de renda, que faz de nosso país o campeão mundial das desigualdades, permanecerão as mesmas ou talvez até cresçam ainda mais, aumentando o fosso entre ricos e pobres. Da mesma forma continuarão os programas ditos sociais, que escondem, em seu interior, mecanismos viciados de perpetuação do voto de cabresto. Programas formulados à custa dos pagadores de impostos apenas para dar projeção aos anseios pessoais de políticos sem escrúpulos e sem projetos para o país.
Esses e outros programas, desenhados de última hora, e sob a pressão das eleições, permanecerão intactos, justamente porque impossibilitam que largas parcelas da população encontrem meios de tomarem posse de seus destinos, libertando-se, de vez, do jugo populista. Do mesmo modo ficarão os aumentos cíclicos dos fundos bilionários eleitoral e partidário, assim como as emendas secretas e todo um conjunto de benefícios vetados aos cidadãos comuns.
O que haverá de fato nessa dança das cadeiras são mudanças cosméticas, em que os donos das legendas milionárias e seus caciques, todos eles amasiados na mais rendosa e segura empresa que existe, designarão aqueles que irão para esse ou aquele posto, para que tudo permaneça como está.
Também ficarão os modelos perversos de reeleição, assim como a possibilidade de parlamentares elegerem para uma função e abrir mão dela em troca de um outro cargo mais vantajoso, jogando fora os votos recebidos. Ficará ainda onde está a malandragem dos suplentes a deputados e senadores, cabendo nessa função até mesmo o pai ou a mãe. Os campeões de emendas secretas permanecerão onde estão.
A impunidade para os poderosos, amigos, parentes e agregados, incluindo nessa lista até as amantes, permanecerá a mesma. Só poderosos ganharão na Justiça causas contra o Estado. O mesmo vale para a impossibilidade de prisão em segunda instância, tudo igual.
É isso ou aquilo, numa mistura eterna e mal cheirosa entre passado e presente e onde o futuro é sempre adiado. Marchamos para as urnas como condenados marcham em direção ao laço da forca, que balança com os ventos de outubro.
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