Abolição
A propósito de mais uma passagem inócua do 13 de maio, Machado de Assis (1839-1908) já antevia uma mudança de caráter fundamental para o sucesso do abolicionismo completo: "emancipado o preto, resta emancipar o branco" (Esaú e Jacó, 1904). No prefácio do livro de Liv Sovik, Aqui ninguém é branco (2009), Silviano Santiago ressalta que "a democracia racial brasileira está sendo de tal forma repetida e endossada pela multidão dos falantes que, no processo de sua esclerose, já merecia o adjetivo soi-disant — a soi-disante democracia racial brasileira. Pois não é ela que, ao ganhar sentido universal, se envaidece frente ao espelho da paisagem humana feita de desigualdades, para melhor confiscar os proveitos do conservadorismo social, econômico e político?". A seguir, o crítico literário, referindo-se à "mestiçagem consensual do ser brasileiro", destaca assim a "branquitude" enfocada por Sovik: "Ressuscita o europeu marinheiro, colonizador, escravocrata, latifundiário, capitão de indústria, banqueiro, capitalista etc., com a intenção de falar do seu silêncio e da sua invisibilidade no país da democracia racial, onde — et pour cause — o problema das hierarquias raciais não é abordado dignamente". A branquitude e sua fiel escudeira, a mestiçagem, sustentam o mito da democracia racial contra o autêntico pluralismo. Não à toa, conforme explica Kabengele Munanga, em Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra (2019): "O conceito de 'negro' inclui pretos e pardos numa mesma categoria política construída para beneficiar todas as vítimas do racismo — pretos e pardos —, de acordo com o princípio de que 'a união faz a força'". Quem prejudica o avanço do mundo afro-brasileiro, ressalta o antropólogo, compõe "o modelo hegemônico racial e cultural branco ao qual deveriam ser assimiladas todas as outras raças e suas respectivas produções culturais".
Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Emoção
Passos de Ana Dubeux — "Vou ali em Compostela", 15/05 — têm a benção de Deus. Ana caminha altiva, triunfante e feliz, com os anjos do amor. Seus pés parecem voar de emoção. Ana vai em busca de suas verdades. Cada folha que pisa, transporta sentimentos grandiosos que iluminam a alma. O retorno será saudado com serenatas do Universo.
Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
Incêndio
Até quando o Ministério Público e o Judiciário vão se omitir em relação à cobrança imoral e ilegal da taxa de incêndio? O STF já julgou em 2017 e reafirmou em 2019 a inconstitucionalidade da cobrança da taxa de incêndio por municipios e estados brasileiros. No entanto, no Estado do Rio de Janeiro e em outros lugares, continuam a ser cobradas. Decisão do STF não é para ser respeitada e cumprida? Por que continuam a cobrar? Da mesma forma, o STJ ja se manifestou pela inconstitucionalidade da cobrança do ICMS nas contas de luz, pois incide sobre outros impostos, o que, além de imoral, é ilegal. Além de extorção ao cidadão! E por que a cobrança de ICMS sobre os combustíveis é feito da mesma forma ilegal e imoral? Quando o MP vai agir em defesa da população e deixar de lado um pouco o viés político? Onde dorme o MP do Rio de Janeiro? Por que não se respeitam as leis nesse país? Por que decisões sobre ilegalidade de taxas e impostos não são respeitadas? E o STF vai se deixar desmoralizar?
Elio Dias S. Santos,
Asa Sul
Petrobras
Poderá haver uma troca de comando na Petrobras se o seu atual presidente continuar fazendo o que Bolsonaro não quer nesse ano eleitoral. Nem Sergio Moro, nem Paulo Guedes, nem ninguém nunca teve carta branca no governo Bolsonaro. Essas transições de liderança causam uma instabilidade muito grande no comando da petroleira. Provavelmente, o ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, pressionará o Conselho de Administração da Petrobras para manter a defasagem do diesel e da gasolina, garantindo o bom desempenho de Bolsonaro no pleito de 2022. Interferir no trabalho dos ministros é a grande especialidade de Bolsonaro.
José Carlos S. da Costa,
Belo Horizonte (BH)
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