São extremamente relevantes as declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em defesa do sistema eleitoral brasileiro e da democracia. Mas a gravidade do momento exige um posicionamento mais enfático do Congresso, que, ao se calar agora, terá menos espaço mais à frente para se manifestar. Em países como a Hungria, em que o tecido democrático está esfarrapado, parlamentares que não apoiam o governo não têm voz. Não há contestação a nada que afronte o autoritarismo e a perseguição aos opositores do presidente da República.
O mesmo movimento de combate aos ataques ao sistema eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser encampado pelos candidatos à Presidência da República que prezam pela democracia e por aquele que disputarão os governos estaduais. É preciso isolar os golpistas, a ponto de serem limados da vida pública. Quanto mais vozes se levantarem contra aqueles que defendem golpe militar e que insuflam a violência, maior poder terá a sociedade para livrar o Brasil de tempos sombrios. Não há exagero nos alertas que estão sendo feitos.
O país já abriu espaço demais para os antidemocratas. O falso discurso pela ordem, pela família e pela liberdade de expressão só alimenta o ódio e mina a confiança nas instituições. Nada do que defende o grupo dos que aviltam a democracia pode ser levado como verdade. Muito pelo contrário. São mentiras bem contadas, disseminadas por meio de uma rede extremamente estruturada, cujo objetivo maior é tirar o direito dos brasileiros de escolherem, livremente, seus representantes em todas as esferas de governo e nos parlamentos.
A situação chegou a tal ponto que já não se sabe o que poderá acontecer com as pessoas que se dispuserem a trabalhar nas seções eleitorais. Teme-se que os mesmos que hoje atuam para desacreditar as urnas eletrônicas e pôr em dúvida os resultados do pleito marcado para outubro próximo impeçam, por meio da violência, o funcionamento de locais de votação. Garantir o livre trânsito dos eleitores é uma das atribuições dos agentes de segurança. Contudo, hoje há dúvidas sobre de que lado estão as Forças Armadas e as polícias militares.
Assusta, ainda, que os ataques à democracia ocorram em um momento dramático, em que a pobreza toma as ruas, o desemprego não dá trégua, a inflação desestrutura famílias e os juros apontam para cima. O Brasil precisa tomar juízo enquanto é tempo. Em vez de assistir passivamente ao desatino dos antidemocratas, deve combatê-lo enfaticamente, e a sociedade cobrar do governo que faça sua parte para trazer de volta o bem-estar da população. Ficar calado ante o quadro de terror criado por aqueles que deveriam pregar a pacificação do país é endossar o descalabro.
A democracia é uma conquista da qual nenhuma nação deve abrir mão. É justamente ela que permite aos cidadãos dizerem um sonoro não para os que não a respeitam e para aqueles que pouco ou nada fazem para garantir uma vida digna aos trabalhadores. Portanto, é mais do que necessário a defesa às instituições e à Constituição. O país não pode, jamais, flertar com retrocessos. Ao menor sinal de fragilidade dos pilares democráticos, os autoritários estarão prontos para o golpe. Toda união dos que prezam a democracia é urgente.
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