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Marcos Paulo Lima: O encantador de estrelas

Marcos Paulo Lima
postado em 07/05/2022 06:00
 (crédito: Peter Powell/AFP                     
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(crédito: Peter Powell/AFP )

Se você curte (ou não) literatura esportiva, aí vai um toque de letra: leia Liderança Tranquila, de Carlo Ancelotti. É mais do que uma obra sobre futebol e o sucesso do técnico italiano que acaba de levar o Real Madrid ao título do Espanhol e à final da Champions League contra o Liverpool, em 28 de maio, na França. É uma baita aula sobre gestão.

O Flamengo, por exemplo, desembarca, hoje, em Brasília, para o duelo de amanhã contra o Botafogo, às 11h, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. Um dos problemas detectados pelo técnico português Paulo Sousa ao assumir o badalado elenco rubro-negro é o fastio. Falta de apetite, de fome por mais títulos. Ele falou sobre isso mais de uma vez nas entrevistas coletivas. O clube conquistou 12 troféus no período de 2019 a 2021. Uma Libertadores, uma Recopa Sul-Americana, dois Brasileirões, duas Supercopas do Brasil, três Cariocas, duas Taças Guanabara e uma Taça Rio. De novembro para cá, a mesma base amarga cinco vices consecutivos.

Cito o Flamengo, mas, em breve, o diagnóstico pode ser o mesmo para os outros dois ricaços do país. Atlético-MG e Palmeiras empilham troféus, mas arriscam ficar de barriga cheia. Recomendo a Paulo Sousa, Antonio "Turco" Mohamed, Abel Ferreira, cartolas e torcedores impacientes o livro Liderança Tranquila por esse motivo.

Carlo Ancelotti é chamado de "encantador de estrelas". Tem uma varinha de condão capaz de devolver a fome por títulos a elencos acomodados. A contar de 2014, o Real Madrid acumula 18 títulos. Vou tratar de quatro deles aqui: o tetracampeonato da Champions League nas edições de 2014, 2016, 2017 e 2018.

Oito jogadores do atual elenco podem conquistar a Orelhuda pela quinta vez com a camisa merengue: os laterais Carvajal e Marcelo, o zagueiro Nacho, o volante Casemiro, os meias Modric e Isco, e os atacante Bale e Benzema. Detalhe: Carvajal, Modrid e Benzema foram titulares nas quatro finais continentais.

A liderança tranquila de Carlo Ancelotti devolveu o apetite a estrelas que estão no elenco há pelo menos oito anos. Esses mesmos caras foram acusados de fastio na temporada 2020/2021. O Real não ganhou nada. Fim do ciclo de um elenco vitorioso? Ele achou que não!

Ancelotti assumiu o lugar de Zidane, uniu a fome dos medalhões com a vontade de comer de iniciantes como Vinicius Junior, Rodrygo, Camavinga e Valverde, e pilhou um time capaz de eliminar PSG, Chelsea e Manchester City com virada épicas no mata-mata. Veteranos e novatos celebraram a vaga para a final chorando como crianças.

O Real se sacrifica para manter o elenco. O Flamengo, também. Dos 11 heróis de 2019, oito seguem no plantel: Diego Alves, Rodrigo Caio, Filipe Luís, Willian Arão, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol. Talvez não esteja faltando fome a esses caras vitoriosos, mas, sim, uma liderança tranquila. Um encantador de estrelas.

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