Com a maior bancada da Câmara, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, prevê dificuldades para bancar as campanhas a governos estaduais e ao Congresso. Isso porque a legenda empenhará a maior parte dos recursos do fundo eleitoral na corrida pela recondução do presidente Jair Bolsonaro.
"(A campanha do chefe do Executivo) é cara. No avião presidencial, são R$ 17 mil por hora, só o combustível. E ele vai ter de usar o avião todo dia. Temos de dar preferência para ele", ressaltou costa Neto. "Agora, temos de partir para cima disso (doações), ou não conseguiremos sobreviver", acrescentou, na sede do partido, em Brasília.
De acordo com o presidente do PL, a alternativa para direcionar recursos às candidaturas estaduais é arrecadar fundos. "Duro que é só de pessoas físicas, mas vamos lutar por isso. Para a campanha regional, dinheiro nosso não dá nem para sair. Temos 17 candidatos ao Senado, 12 ao governo de estado. Como o pessoal vai trabalhar sem um tostão?", questionou.
Segundo o cacique, não existe estimativa para cada campanha. "Estamos mortos. Temos uma campanha presidencial, temos de montar tudo. Na eleição passada, demos um teto para os deputados de mandato com chance de ganhar. Agora, temos de arrecadar. Se não arrecadar, vai ser difícil para nós."
Ele enfatizou, no entanto, que o PL não é o único em situação complicada. "Tem muito partido prejudicado. Esse negócio de não ter coligação também atrapalhou muito. Os partidos ficaram com dificuldades, cada um precisou ter vida própria", disse. "Mas vamos vencer isso aí. Vencemos no passado, conseguimos chegar a 43 deputados. Agora, vamos ter uma bancada forte de senadores."
Fundo eleitoral
O montante para o PL é de cerca de 5% do fundão, equivalente a aproximadamente R$ 280 milhões. O valor é distribuído aos partidos conforme critérios do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que leva em conta: distribuição total da verba entre todas as legendas, votos válidos recebidos nas últimas eleições para deputados federais, número de deputados e senadores eleitos para a legislatura iniciada em 2019.
Os números não consideram a migração de parlamentares, o que prejudicou o PL, já que a sigla saiu de 43 para mais de 70 deputados na janela partidária, fechada no fim de semana. "Não é justo um partido que ficou com oito deputados, e nós com 78, ter quase a mesma verba que nós. Vai ser um caos, não consegue dividir o dinheiro de jeito nenhum", frisou.
Luiz Eduardo Peccinin, especialista em direito eleitoral, explicou que o fundo eleitoral só será divulgado oficialmente pelo TSE em 30 de julho. "O fundo partidário pode ser usado para a manutenção do partido e também nas eleições, mas o fundo eleitoral é só para as eleições", afirmou.