GUILHERME ALMEIDA - Vice-presidente de Planejamento Estratégico, Sustentabilidade e Relações Institucionais da Nidec Global Appliance
As constantes mudanças climáticas têm feito nações e empresas olharem com urgência para temas como aquecimento global e a preservação do planeta. Segundo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), divulgado no segundo semestre de 2021, estamos enfrentando alterações em todos os sistemas climáticos — na atmosfera, nos oceanos, nas geleiras e na terra — com danos irreversíveis, como o aumento contínuo do nível do mar.
Diante deste cenário, temos que repensar a forma como podemos minimizar os impactos que promovemos no meio ambiente, principalmente quando abordamos itens essenciais em nossas rotinas diárias. Aqui lanço um olhar para a refrigeração, indústria fundamental para a preservação de alimentos, medicamentos, vacinas, amostras de laboratórios, entre outros. Sabe-se que um refrigerador, seja para fins comerciais, industriais ou até mesmo residenciais, deve ficar ligado 24 horas por dia.
Outro impacto de seu funcionamento são as emissões de CO2 equivalente. De acordo com estimativas levantadas pela Universidade de Birmingham, da Inglaterra, a indústria de refrigeração e ar-condicionado seria responsável por cerca de 10% da emissão global de tais gases, sendo que, desse total, 75% das emissões seriam provenientes do consumo de energia durante o uso dos equipamentos.
Levando em consideração aspectos como esse, temos a nossa parcela de contribuição ao investir no desenvolvimento de um dos componentes que pode fazer a diferença: o compressor. Responsável por impulsionar o fluido refrigerante que circula tanto no estado líquido quanto gasoso, é ele quem altera a temperatura do refrigerador. De um vasto portfólio existente, destacaria os compressores de velocidade variável — também conhecidos como inverter — que possuem controle da velocidade de funcionamento de acordo com a temperatura de resfriamento exigida, ajustando sua capacidade para atingir temperaturas ideais, por exemplo, e promovendo economia de energia de até 40%.
No Brasil, houve uma recente atualização no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) de refrigeradores residenciais. Desenvolvido pelo Inmetro, o documento indica a adoção, a partir de junho de 2022, de três novas categorias nas etiquetas. As novas subclasses A , A e A , que representam redução no consumo de energia de 10%, 20% e 30%, respectivamente. A partir de janeiro de 2026, essas três novas subclasses darão lugar à reclassificação dos selos, que voltarão a ir de A a F, utilizando como base os padrões das Nações Unidas. O novo A, por exemplo, será mais rigoroso do que o atual — um refrigerador fabricado no país, de duas portas, frost-free, que atualmente é catalogado como A, terá de reduzir seu consumo em 44% para permanecer na categoria.
Ao final de 2030, o nível de consumo para permanecer na classe A passa a ser ainda mais rigoroso: em média, 61% menos consumo de energia do que o aceitável atualmente. Neste contexto, posso dizer que nós já contamos com os compressores que responderão às mudanças solicitadas.
Além disso, o Brasil também passou a integrar a lista dos quatorze países que assinaram o Product Efficiency Call to Action, que visa dobrar a eficiência até 2030 de quatro produtos prioritários — condicionadores de ar, refrigeradores, sistemas de motores industriais e iluminação — que correspondem a 40% do consumo global de energia, de acordo com dados de relatório produzido pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
O estudo da Universidade Birmingham, mencionado no início deste artigo, ainda nos diz: "Cerca de 20% a 25% das emissões de CO2 equivalente do setor de refrigeração são produzidas por vazamentos de gases refrigerantes de hidrofluorcarbono (HFC) ('gases F')". O uso dos refrigerantes adequados já vem sendo debatido desde a década de 1980, quando se observou que os CFCs (clorofluorcabonetos) eram responsáveis por destruir a camada de ozônio. Os HFCs (hidrofluorcarbonetos) surgiram como uma alternativa por não atacar diretamente a camada de ozônio. Porém, com o passar do tempo, pesquisas apontaram que eles contribuem para o aquecimento global e efeito estufa. Começamos, então, a utilizar fluidos refrigerantes naturais, como os hidrocarbonetos (isobutano R600a e propano R290), os quais possuem estudos comprovando sua eficiência e impactos muito menores no aquecimento global.
Como indústria, sabemos da importância de agir e falar sobre tais pontos para que cada vez mais pessoas e setores se conscientizem e se mobilizem em prol da preservação dos lugares em que vivemos. Além disso, entendemos como nossa responsabilidade o papel de influenciar, liderar e abastecer o mercado com soluções que potencializem reduções no consumo de energia, nas emissões e no uso de recursos naturais, contribuindo para essa inadiável e coletiva jornada.
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