O pacote de bondades do governo está a todo vapor, uma medida historicamente comum em ano eleitoral. Só nos últimos dias, a lista é grande: fim da bandeira vermelha na conta de luz; reajuste linear de 5% para o funcionalismo; e o início do pagamento do vale-gás de R$ 51 para mais de 5 milhões de famílias de baixa renda. E ainda está em estudo a correção da tabela do Imposto de Renda, que ajudará a turbinar a popularidade do presidente junto às classes B e C.
Há, no entanto, uma séria ameaça aos planos de reeleição de Jair Bolsonaro. Trata-se do avanço da inflação, que está nas alturas e aproxima-se dos maiores índices registrados desde o início do real. A carestia atormenta principalmente a vida dos brasileiros mais pobres, como mostra o mais recente levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Apenas em março, a alta dos preços chegou a 1,74% para quem ganha até R$ 1.808,79 por mês.
De acordo com o Ipea, alimentos muito consumidos pela população estão cada vez mais caros. É o caso do arroz, com alta de 2,7% no mês passado; do feijão (6,4%); da (31,5%); da batata (4,9%); do leite (9,3%); dos ovos (7,1%); e do nosso pão francês (3%) do dia a dia. A combinação de grana curta e alimentos mais caros costuma ser fatal. Atinge principalmente a rejeição a um governante. Estamos a 170 dias do primeiro turno das eleições. Será que a equipe econômica de Paulo Guedes conseguirá colocar a inflação nos trilhos em 24 semanas?
As últimas pesquisas eleitorais mostram, semana a semana, a redução da vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Bolsonaro nas intenções de voto. A polarização é cada vez maior e veremos um acirramento dos embates entre os dois até outubro. A verborragia entre eles será uma das marcas da eleição, pode ter certeza. No fim das contas, o eleitor terá que decidir entre dois políticos com grande rejeição.
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