Verás que um filho teu não foge à luta de disputar uma Copa do Mundo aos 17 anos, como o Rei Pelé na campanha do primeiro título mundial, em 1958, ou Ronaldo "Fenômeno" no tetra, em 1994; nem abre mão do direito de conquistar o título de eleitor para exercer o voto facultativo a jovens sub-18 nas eleições gerais de 2 e 30 de outubro — datas reservadas ao primeiro e segundo turnos.
Há um paralelo entre o pleito e a Copa deste ano. A Seleção não leva um jogador menor de idade ao Mundial desde o gênio Ronaldo. Dunga não se curvou a Neymar no anúncio da lista final rumo à Africa do Sul, em 2010. O menino da Vila já tinha 18 anos. Apesar do receio de delegar responsabilidade, eles e elas têm o direito de jogar — e de votar. São capazes, sim, de decidir um título com a bola nos pés, como Pelé na final contra a Suécia, e os destinos da nação com as mãos na urna eletrônica.
Sinto falta de um jovem jogador-influenciador, palavra da moda. Em 1994, Ronaldo assumiu esse papel na tevê. O centroavante do Cruzeiro à época foi um dos garotos-propaganda do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.
"Sou Ronaldo, do Cruzeiro e da Seleção Brasileira. Tenho 17 anos. Minha responsabilidade é fazer muitos gols para o Brasil, com garra, seriedade e decisão, mas acho que a minha responsabilidade é maior ainda. É ser cidadão, é votar e escolher bem. Eu já tirei o meu título, e você?", questionava no texto publicitário voltado para jovens.
Quem seria, hoje, o Ronaldo do Tite e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)? O menino-prodígio de 17 anos que não pode ficar fora da Copa nem longe das lentes para convencer uma nova geração a ir às urnas? Faltam pouco mais de sete meses para a estreia do Brasil contra a Sérvia, em 24 de novembro. Não temos um "moleque" atrevido capaz de desequilibrar o jogo da Seleção e de influenciar eleitores caçulas. Muitos deles nascidos em 2006, quando o Fenômeno tinha 29 anos e disputava a Copa pela última vez.
Se jovens torcedores são capazes de se emocionar com a estreia de Vinicius Junior no time profissional do Flamengo contra o Atlético-MG, aos 17 anos, no Maracanã, como na primeira rodada do Brasileirão de 2017; ou de Neymar com essa mesma idade, em 2009, contra o Oeste, no Campeonato Paulista, esse potencial deveria ser aproveitado, também, para conscientizar sobre o direito a tirar o título de eleitor e influenciar na história da nação — independentemente do candidato, que fique claro.
O Brasileirão começa, hoje, com promessas em idade de votar. O brasiliense Ângelo, do Santos, tem 17 anos. Contemporâneo de Savinho, do Atlético-MG. O diamante Endrick não é profissional do Palmeiras, mas fará 16 anos em 21 de julho. Não joga com os marmanjos, mas está prestes a conquistar um título — o de eleitor. O poder do voto! O direito contempla quem tiver 16 anos até 2 de outubro. Exerça-o. Dá tempo. O cadastro expira em 4 de maio.
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