As mais recentes pesquisas eleitorais confirmam uma tendência percebida pelos institutos de pesquisas desde o início de março: a melhora na popularidade e nos índices de intenção de voto do presidente Jair Bolsonaro, candidatíssimo à reeleição. Tanto o levantamento do Ipespe quanto o da Ideal/Genial Quest, divulgados nos últimos dois dias, mostram a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial em todos os cenários, mas com um crescimento contínuo de Bolsonaro.
Na análise das pesquisas, há um jargão: a boca de jacaré. Políticos e analistas ficam de olho se ela está abrindo (distanciamento na intenção de votos) ou se fecha (quando a disputa tende a se tornar ainda mais apertada). É bom ressaltar que os dados devem ser lidos com parcimônia, afinal, ainda estamos a praticamente seis meses do primeiro turno e as oscilações podem estar dentro das margens de erro das pesquisas, mas está evidente que o momento pró-Bolsonaro é cada vez mais favorável.
Considero que o arrefecimento da pandemia é o principal ponto a favor do presidente. Se vier acompanhada de uma melhora na atividade econômica, com redução dos índices de desemprego e aumento da renda, as chances de Bolsonaro crescem. A rejeição ao nome do presidente mantém-se alta — acima de 60% nas duas mais recentes pesquisas —, o que é um entrave, só que o dinheiro no bolso é um fator importante na hora da decisão de voto.
Por outro lado, a verborragia de Lula dos últimos dias é mais um sinal de que tudo não anda 100% na campanha petista. De segunda-feira para cá, Lula atacou o atual Congresso, chamou a elite de "escravista" e acusou a classe média de "ostentar padrão de vida acima do necessário". As declarações repercutiram mal tanto entre os adversários e os petistas, e foram amplamente discutidas nas rodas de conversas do Congresso nesta semana. Estará perto de pisar em uma casca de banana?
A saída do ex-juiz Sergio Moro da disputa provocou um ânimo na tal terceira via. Em um primeiro momento, as intenções de voto no ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública migraram para Bolsonaro. União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania prometem anunciar dentro de 40 dias quem será o candidato de consenso ao Planalto. Todos movimentos levam ao tucano Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul. O discurso montado é de que só a convergência, e não a polarização, servirá para colocar o país no rumo. Será suficiente para encantar o eleitorado? A ver.
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